Carga tributária, câmbio e juros foram principais entraves no 4º tri, aponta sondagem da CNI

Publicado 24.01.2025, 07:11
© Reuters Carga tributária, câmbio e juros foram principais entraves no 4º tri, aponta sondagem da CNI

A elevada carga tributária foi o principal problema enfrentado pela indústria no último trimestre de 2024. É o que mostra a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta sexta-feira, 24, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ocupando a primeira posição do ranking dos principais problemas em todos os trimestres do ano, a carga tributária foi assinalada por 30,6% dos industriais no 4º trimestre de 2024, um recuo de 3 pontos porcentuais em relação ao trimestre anterior.

Logo em seguida, a taxa de câmbio foi apontada por 29,3% dos entrevistados entre os principais obstáculos.

"Como boa parte dos insumos usados pela indústria brasileira é importada, a desvalorização do real afeta diretamente os custos das empresas. Não à toa, isso fez a preocupação com o câmbio subir de 8º para 2º lugar na lista dos principais problemas", diz Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

Em terceiro lugar, aparecem as taxas de juros elevadas, assinaladas como principal entrave por 25% dos industriais, um aumento de 3,3 ponto porcentual ante o trimestre anterior.

Também tiveram destaque entre os problemas enfrentados pelo setor a falta ou alto custo de matéria-prima (23,9%), demanda interna insuficiente (22,3%) e falta ou alto custo de trabalhador qualificado (21,6%).

"Esses foram problemas que ganharam relevância ao longo do ano e, embora não ocupem uma das três primeiras posições do ranking no último trimestre de 2024, seguem desafiando o setor", diz a pesquisa.

Atividade recua

A sondagem mostra que o índice de evolução da produção industrial foi de 42,5 pontos em dezembro de 2024. Esse foi o segundo mês consecutivo em que o índice, abaixo dos 50 pontos, sinaliza que os empresários perceberam o recuo da produção industrial. Segundo a CNI, a queda, usual para meses de dezembro, foi disseminada entre pequenas, médias e grandes indústrias em todas as regiões do País.

No último mês de 2024, o índice de evolução do número de empregados foi de 48,7 pontos. Também abaixo de 50 pontos, o indicador revela que houve redução no emprego industrial de novembro para dezembro.

UCI

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) da indústria caiu quatro pontos porcentuais em dezembro de 2024 na comparação com novembro, para 68%. O movimento foi disseminado entre indústrias de todos os portes e de todas as regiões do País.

A Sondagem também mostra que, em dezembro, o indicador de evolução do nível de estoques foi de 47,9 pontos. Indicadores abaixo dos 50 pontos revelam que houve recuo de estoques frente a novembro. Já o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado ficou em 49,3 pontos em dezembro, após um recuo de 0,7 ponto na comparação com novembro. "Abaixo da linha divisória de 50 pontos, o índice do mês revela que os estoques voltam a se encontrar em patamar inferior ao planejado pelo setor, como ocorreu de maio a outubro de 2024", destaca a pesquisa.

Situação financeira

O índice de satisfação com a situação financeira ficou em 50,9 pontos no 4º trimestre de 2024, um recuo de 0,8 ponto frente ao 3º trimestre, quando o indicador ficou acima dos 50 pontos, revelando satisfação com a situação financeira pelos empresários industriais. Com essa queda entre os trimestres, o índice ficou mais próximo da linha divisória dos 50 pontos, mostrando que os empresários permanecem satisfeitos com a situação financeira, mas a satisfação se tornou menos intensa e disseminada.

O índice que mede a facilidade de acesso ao crédito ficou em 42 pontos no último trimestre do ano passado, um recuo de 0,9 ponto em relação ao período anterior. "O indicador, que já se encontrava abaixo dos 50 pontos no 3º trimestre, se afastou da linha divisória na passagem para o último trimestre do ano, sinalizando que a dificuldade de acesso ao crédito se tornou mais intensa e disseminada entre os períodos."

A pesquisa também revela que o indicador de evolução do preço de matérias-primas ficou em 64,2 pontos no último trimestre de 2024, um avanço de 1,3 ponto em relação ao trimestre anterior. "Ao se afastar da linha divisória de 50 pontos, o índice revela que a percepção de aumento dos preços de matérias-primas se tornou mais intensa e disseminada no trimestre."

Com relação ao índice de satisfação com o lucro operacional, ele ficou em 45,8 pontos no 4º trimestre de 2024, um recuo de 1,2 ponto ante o período anterior.

Ao ficar mais distante dos 50 pontos, o indicador revela que a insatisfação com o lucro operacional se tornou mais intensa e disseminada entre as indústrias, destaca a CNI.

A Sondagem foi feita entre os dias 7 e 17 de janeiro de 2025, com 1.519 empresas, sendo 610 pequenas, 540 médias e 369 grandes.

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