Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de veículos no Brasil devem ter crescimento de dois dígitos em 2018, após uma expansão de 7,3 por cento esperada para este ano, apesar das incertezas que podem ser produzidas pelo cenário eleitoral, afirmou nesta segunda-feira o presidente Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.
Em apresentação gravada para Congresso Autodata Perspectivas 2018, Megale comentou ainda que a previsão para a produção brasileira de veículos no próximo ano é da ordem de 3 milhões de unidades, ante expectativa de 2,7 milhões neste ano.
Megale não comentou número unitário de vendas esperado para 2018, mas a expectativa da Anfavea para 2017 envolve licenciamentos de 2,2 milhões de veículos.
"Passamos da fase mais complexa da crise. Este crescimento de 7,3 por cento é um bom crescimento e isso, aliado a bons números de exportações, significa que teremos números mais interessantes de produção", disse Megale.
"Nos últimos meses há certo descolamento da economia da política. Os maiores economistas do país dizem que saímos da recessão", afirmou o presidente da Anfavea.
REALISMO
No entanto, o vice-presidente de assuntos corporativos da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb, recomendou cautela sobre o ritmo de recuperação do mercado interno. Segundo ele, o crescimento acima de 20 por cento nas vendas em setembro sobre o mesmo mês de 2016, ocorreu baseado fortemente em vendas diretas a empresas frotistas como locadoras de veículos e exportações ainda dependentes da recuperação do mercado da Argentina.
"Estamos realistas, o mercado tem condições de crescer próximo de 10 por cento em 2018, até porque a base de comparação é muito fraca", disse Golfarb.
"É preciso um pouco de cautela, no momento da recuperação, quem acumulou condições para comprar (um veículo novo) compra, mas para a sustentabilidade do crescimento é preciso ter o pessoal que perdeu poder de compra nos últimos anos", afirmou o representante da Ford.
Golfarb estimou que em 2018 a competitividade entre as montadoras deverá ficar mais acirrada, mas não comentou como será o efeito deste movimento sobre a rentabilidade do setor. "Na retomada, a briga por participação de mercado será maior ainda", disse.