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Caracas, 30 nov (EFE).- O governo da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feria que ocupou 21 matadouros de todo o país por um período de 180 dias, uma medida tomada para "evitar o contrabando" de gado e peças de carne que nega "o direito do povo à proteína animal".
"Ocupamos temporariamente, por 180 dias, os matadouros que estão violando a política de preços controlados", disse o vice-presidente da área econômica da Venezuela, Tareck El Aissami, em pronunciamento transmitido pela televisão estatal "VTV".
O ministro afirmou que a medida busca "proibir o desvio dos produtos e resistir ao contrabando de extração da carne", assim como os preços que o governo estabeleceu no programa de "recuperação econômica" lançado por Maduro há pouco mais de três meses.
Além disso, a decisão visa promover a inclusão desta proteína ao programa governamental de venda de alimentos subsidiados conhecidos como Clap.
Segundo Aissami, a medida de ocupação não afetará a "estabilidade" dos trabalhadores desses matadouros, estabelecimentos sobre os quais a vice-presidência Econômica pediu uma investigação.
"Não vamos permitir que esse padrão ladrão, que pretendeu roubar ao povo, siga fazendo das suas", acrescentou.
A Venezuela atravessa uma severa crise econômica que se expressa em escassez e hiperinflação, um indicador que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê fechará em 2.500.000% em 2018 no país.
Para amenizar a crise, Maduro aprovou no final de agosto um pacote de medidas que incluem o congelamento de preços de 25 produtos, cujo fornecimento é irregular em todo o país.
Aissami disse nesta sexta-feira que os donos dos matadouros "iniciaram, de alguma maneira, um boicote" após o congelamento dos preços em agosto, o que causou a escassez no setor.
A ocupação também não afetará a venda em mercados internacionais de subprodutos do gado, como couro e colágeno, "porque geram de algumas riquezas" ao país, afirmou.