Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - O mundo havia sido destruído. O impacto de um asteroide no México, agravado pelo vulcanismo colossal na Índia há 66 milhões de anos, havia matado cerca de três quartos das espécies da Terra, incluindo os dinossauros.
Mas relativamente pouco tempo depois, um animal destemido, parecido com um castor, estava se espalhando, numa amostra da resiliência dos mamíferos que surgiriam das bordas do reino animal para se tornar criaturas terrestres dominantes da Terra.
Cientistas anunciaram nesta segunda-feira a descoberta, no ermo noroeste do Estado norte-americano do Novo México, do fóssil do Kimbetopsalis simmonsae, um mamífero roedor e comedor de plantas, com incisivos proeminentes, que viveu apenas algumas centenas de milhares de anos após a extinção em massa, um piscar de olhos no tempo geológico.
O Kimbetopsalis, cujo comprimento é estimado em 1 metro, teria sido coberto de pelos e possuía grandes dentes molares com fileiras de cúspides, utilizados para moer as plantas.
Quando lhe perguntaram qual seria a impressão que alguém teria ao ver um Kimbetopsalis, o curador de paleontologia do Museu de Ciência e História Natural do Novo México, Thomas Williamson, disse: "Provavelmente pensaria em algo como, 'Ei, olhe para aquele pequeno castor! Por que não ele tem uma cauda achatada?".
O animal viveu em uma área luxuriante de florestas, rios, córregos e lagos quando os ecossistemas da Terra começavam a se recuperar da catástrofe que encerrou o Período Cretáceo e deu início à época do Paleoceno.
"É maior do que quase todos os mamíferos que viveram com os dinossauros, e também tinha uma dieta herbívora, que poucos, se houve algum, mamíferos da era dos dinossaurosa tinham. Isso mostra o quão rapidamente os mamíferos foram evoluindo nesse admirável mundo novo após o asteroide eliminar os dinossauros", disse o paleontólogo Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
"Os mamíferos, que na verdade se originaram centenas de milhões de anos antes, ao mesmo tempo que os dinossauros, agora se encontravam em um mundo vazio, e tiraram proveito disso", acrescentou Brusatte.
A pesquisa foi publicada no Jornal de Zoologia da Linnean Society.
(Reportagem de Eric Walsh)