A indústria brasileira de biscoitos e massas quer diversificar os mercados de exportação e avançar no volume exportado. Entre os países-alvo da indústria para os próximos dois anos estão África do Sul, Arábia Saudita, Chile, China, Colômbia, Estados Unidos, México, Peru e Portugal. A estratégia faz parte do Projeto Setorial Abimapi International (Brazilian Biscuits, Pasta, Breads & Cakes), gerenciado pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A expectativa é que, com o projeto de promoção, as exportações dessas categorias cresçam na ordem de US$ 10 milhões por ano.
O convênio entre Abimapi e Apex para a realização do projeto deste ano a abril de 2026 foi renovado durante a abertura do 18º Congresso Internacional das Indústrias Abimapi. "Esse projeto tem um papel fundamental para abrir as portas para as empresas no mercado global", avaliou o presidente do Conselho da Abimapi, Ronaldo Wickbold.
O projeto terá aporte de R$ 10 milhões, dividido entre o setor privado e a Apex. "As empresas do setor conseguem, cada vez mais, colocar seus produtos no exterior. Este contrato de R$ 10 milhões prevê investimento em exportação, em apoio para empresas que desejam exportar, em feiras internacionais, em aumentar a competitividade de exportação e em rodadas de negócios", disse o presidente executivo da Abimapi, Claudio Zanão.
Como projeto setorial, a Abimapi espera que as exportações do setor alcancem US$ 477 milhões entre 2024 e abril de 2026, envolvendo 95 empresas das categorias Abimapi, com aumento de 10% no número de empresas exportadoras. Em 2023, as 90 empresas participantes do Abimapi International proporcionaram, juntas, US$ 190,56 milhões em produtos exportados para 95 países, 60% mais que em 2022. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações brasileiras.
Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o convênio com a Abimapi integra as frentes da agência nos projetos Exporta Mais Brasil e Projeto Comprador. "Nem toda empresa tem condição de ir para feira e fechar contrato. Com o Exporta Mais, trouxemos 200 compradores ao Brasil em 16 rodadas. Assim, estamos abrindo mercados e expandindo as possibilidades de negócios", afirmou Viana.
O diretor internacional da Abimapi, Rodrigo Iglesias, destaca que a nova fase do projeto terá duas premissas: a equidade de gênero, com foco na maior participação de mulheres empresárias do setor, e a expansão de atuações para as regiões Norte e Nordeste, hoje concentrado no Centro-Sul do País. "O Brasil tem histórico de biscoitos e massas no Centro-Sul, mas ingredientes como castanhas e geleias de frutas exóticas são produzidos sobretudo nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Isso possibilita o acesso a outros mercados com geleias e molhos como acompanhamentos da categoria", explicou Iglesias ao Broadcast Agro, citando ações da associação de identificação e busca de empresas regionais para participação no projeto setorial.
Ainda no âmbito da diversificação, a indústria de biscoitos e massas projeta aumentar as exportações de produtos de maior valor agregado. Hoje, os biscoitos predominam nos embarques do setor, mas a ideia é crescer a comercialização externa de pães de forma e produtos direcionados especificamente aos mercado internacionais.
A intenção da associação é também ampliar as exportações dos derivados de trigo para além da América do Sul - hoje região preponderante no mercado internacional. "EUA são o maior mercado hoje de consumo de massas, biscoitos e pães e no qual enfrentamos forte competitividade. Os países árabes querem portfólio de produtos mais saudáveis, com o qual o nosso portfólio se conecta. A China, por sua vez, também tem ampliado o consumo de produtos ocidentais", acrescentou.
*A jornalista viaja a convite da Abimapi