BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira não acreditar nas previsões que são feitas para a economia diante de um choque como o provocado pelo Covid-19 e que acha que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai errar sua estimativa de retração de 9,1% para a atividade brasileira neste ano.
Para Guedes, quando há a ocorrência de um baque na magnitude como o do coronavírus, modelos utilizados para calcular as projeções falham.
"A previsão do FMI, por exemplo, é -9%. Eu acho que eles vão errar. Eu acho que pode ser menos do que isso", disse o ministro em live com o presidente Jair Bolsonaro.
Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global divulgada na quarta-feira, o FMI passou a projetar contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 9,1% neste ano, contra recuo de 5,3% previsto em abril, já calculado por reflexo da pressão das medidas adotadas contra o coronavírus.
Segundo Guedes, a projeção foi feita por uma profissional que "estreava na função".
"Eu acho que ela vai passar aperto lá no final com essa previsão que ela fez, mas vamos ver. Também não vou dizer que está errado nem que está certo. Só digo que não é possível fazer uma previsão dessa em um momento como esse", complementou.
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia ainda prevê um recuo de 4,7% para a atividade neste ano, enquanto o Banco Central projeta recuo de 6,4%.
Em outro ponto da sua participação na live semanal do presidente, o ministro da Economia disse acreditar que o Brasil tem condições de surpreender o mundo e se recuperar em forma de "V", em alusão a uma rápida retomada da economia após forte declínio causado por medidas de restrição social para conter a pandemia de Covid-19.
"Eu acho que o Brasil tem condições de surpreender o mundo, saindo em 'V'. 'V', que a gente diz, é que caiu, bate no fundo, e começa a voltar. Nós temos, realmente, condição de voltarmos à uma recuperação econômica antes até de outros países do mundo", pontuou o ministro.
Guedes pontuou que as exportações brasileiras aumentaram durante a pandemia, com destaque para produtos agrícolas e minerais. "O choque que vinha de fora, no Brasil, acabou não vindo porque as exportações continuaram girando."
O titular da pasta econômica também disse que aparentemente a economia já bateu o fundo do poço em termos de impacto econômico da pandemia do Covid-19. "Aparentemente, maio foi o fundo do poço", afirmou.
Guedes adotou tom crítico em relação à decisão da véspera pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir redução de salário de servidores públicos da União, Estados e municípios e avaliou que a opinião pública vê isso como manutenção de privilégios.
(Por Gabriel Ponte e José de Castro)