Por Jorge Otaola e Adam Jourdan
BUENOS AIRES (Reuters) - O acordo da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reestruturar mais de 40 bilhões de dólares em dívidas está se aproximando da linha de chegada, apesar de protestos no país sul-americano, que tem uma longa e difícil história com o credor global.
Os dois lados estão em negociações há mais de um ano para renovar uma linha de crédito falida de 57 bilhões de dólares, aberta em 2018 sob o governo do ex-presidente conservador Mauricio Macri. A renovação poderia impedir o país de mergulhar em crises econômica, cambial e da dívida.
Um acordo final --que pode variar de 40 a 45 bilhões de dólares-- parece provável nas próximas semanas, após um "entendimento" da Argentina com o FMI alcançado no fim de janeiro. O acordo ainda precisa da aprovação da diretoria do FMI e de apoio no Congresso da Argentina, em que alguns parlamentares têm se oposto abertamente ao pacto.
"Entendemos que pode ser em breve", disse a porta-voz presidencial Gabriela Cerruti em entrevista coletiva quando questionada sobre o envio do acordo ao Congresso.
"Vamos chegar ao melhor acordo possível que nos ajudará a começar a encontrar uma solução para a maior dívida que a Argentina já assumiu e também a maior que o FMI já concedeu."
As negociações difíceis com o FMI ao longo do ano passado derrubaram as ações e os preços dos títulos soberanos da Argentina, que estão à beira de preços compatíveis com território de calote, mesmo após uma grande reestruturação de dívida no montante de 110 bilhões de dólares com credores privados em 2020.
Alguns meios de comunicação locais relataram que um acordo poderia ser alcançado já neste fim de semana, embora autoridades tenham subestimado essa possibilidade nos bastidores, sinalizando que isso provavelmente acontecerá mais para o fim do mês.
"Meu entendimento era de que na próxima sexta-feira um acordo sobre (a carta de intenção) seria selado e depois de 1º de março seria enviado ao Congresso", disse uma fonte oficial.
Outra fonte do governo com conhecimento das negociações disse que não há "nada a dizer" neste momento: "Continuamos a trabalhar. Não há novidades para o fim de semana. Claro que (o acordo) está mais perto e teremos de estar atentos na próxima semana ou na seguinte."
Ambos os lados estão ansiosos para selar um consenso antes que os pagamentos do acordo de 2018 comecem a vencer, a partir de março, com a Argentina enfrentando baixas reservas em moeda estrangeira e sendo atingida por uma seca que está pesando na produção de grãos.