O PIX tem batido recordes de satisfação entre muitos usuários. Mas no comércio sua adoção pode demorar mais. Esta é a avaliação de associações comerciais entrevistadas pelo Valor Econômico.
Segundo as associações, o PIX tem potencial para alavancar as vendas do comércio e reduzir a necessidade de dinheiro em espécie. Porém, elas apontaram preocupações com algumas coisas que precisam ser resolvidas no sistema.
Fraudes, e baixa integração com lojas
Uma das metas do Banco Central é fazer do PIX uma concorrência para as operadoras de cartões de crédito. No entanto, este ainda leva diversas vantagens para os lojistas.
“Não há, de maneira acessível, soluções que ofereçam a conciliação do PIX no controle das vendas nos softwares das lojas, como já existe para cartões, por exemplo”, afirmou Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Outro problema apontado é a dificuldade de comprovar a realização de transações. O problema foi apontado por Hugo Lumazzini, analista de gestão de soluções do Sebrae Nacional.
No caso de lojas, o funcionário que estiver recebendo precisaria ter acesso à conta bancária de destino. Caso ele não tenha, um cliente pode aproveitar a brecha e simular um pagamento. O funcionário, sem poder verificar e com medo de perder o cliente, liberaria a mercadoria.
Para Roberto Longo, vice-presidente jurídico da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o problema são as taxas. Segundo ele, alguns bancos estão cobrando taxas 50% maiores no PIX do que as cobradas no cartão de crédito.
“Nesse cenário, qual interesse o mercadista vai ter em promover o PIX? Zero. Boa parte das transações com cartão de débito hoje já é repassada ao lojista no mesmo dia. O BC tem que regular a tarifa, não pode deixar para a autorregulamentação”, alertou.
Procurado pelo Valor, o Banco Central se pronunciou apenas sobre as taxas. A autarquia afirmou que o modelo de precificação (custo fixo ou percentual) e os valores das tarifas devem ser livremente definidos.
Baixa adesão entre as empresas
Por conta disso, o PIX tem recebido baixa adesão para transações entre empresas. é o que mostra um relatório divulgado pelo Banco Central.
De acordo com o documento, as operações feitas via PIX no último mês foram divididas da seguinte forma:
- 84% das operações foram entre pessoas físicas;
- 7% de empresas para pessoas físicas;
- 6% de pessoas físicas para empresas;
- e 3% de empresas para empresas.
Uma pesquisa da Abrasel reuniu 300 entrevistados, entre donos de micro e pequenos estabelecimentos e de restaurantes. Destes, 62% afirmaram já ter realizado o cadastro de pelo menos uma chave PIX.
No entanto, 70% disseram que ainda não incentivam o uso do sistema para pagamentos. Apenas 12% afirmaram que já colocaram sinalizações para essa utilização.