Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - Autoridades do Banco Central Europeu apoiam de forma esmagadora o primeiro corte na taxa de juros em junho, e algumas delas lançaram informalmente a ideia de um novo movimento em julho para conquistar um pequeno grupo que preferiria um início mais cedo, disseram três fontes nesta sexta-feira.
Vários membros do Conselho do BCE expressaram publicamente nesta sexta-feira seu apoio a um corte nos juros antes de meados do ano, já que a inflação na zona do euro está caindo mais rapidamente do que o BCE havia previsto.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender, após a reunião de política monetária de quinta-feira, que um corte provavelmente ocorrerá quando o BCE se reunir em 6 de junho, após a divulgação de dados salariais.
As fontes, todas com conhecimento direto da discussão, disseram que as autoridades passaram relativamente pouco tempo discutindo na quinta-feira cortes nos juros, e que era óbvio que a maioria era favorável a uma primeira medida em junho.
Mas algumas, todas do sul do bloco, ainda prefeririam um corte inicial na reunião de 11 de abril do BCE.
Em uma tentativa de garantir um consenso mais forte para um movimento em junho, algumas autoridades conservadoras lançaram a ideia, nos bastidores da reunião do Conselho do BCE, de marcar um segundo corte para julho, disseram as fontes.
Um porta-voz do BCE não quis comentar.
As fontes disseram que nenhum acordo sobre esse compromisso foi feito e que essa era apenas uma possibilidade que estava sendo discutida informalmente como uma forma de manter a unidade dentro do Conselho do BCE.
Essa medida não seria inédita: em dezembro de 2022, o banco central da zona do euro reduziu o ritmo de aumento dos juros para 50 pontos-base, mas concordou em fazer movimentos consecutivos em um ritmo constante para atrair os dissidentes que favoreciam um aumento maior.
Os mercados financeiros agora esperam quatro cortes nas taxas de juros do BCE este ano, a partir de junho, o que implica em cortes em todas as reuniões, exceto em uma, entre junho e dezembro.
As fontes disseram que o momento do primeiro movimento também influenciará a forma como um novo arcabouço operacional - que deverá ser anunciada em 13 de março - será implementada.
É provável que o novo arcabouço exija uma redução da diferença entre a taxa de depósito de 4% do BCE e a taxa de refinanciamento de 4,5%, disseram fontes à Reuters anteriormente.
Mas algumas autoridades temem que o que se pretende ser um ajuste técnico possa ser confundido com uma mudança na política monetária e, portanto, querem implementá-lo mais tarde, quando o BCE estiver de fato alterando as taxas de juros.