A alta de 0,06% no Índice de Preços ao Produtor (IPP) de fevereiro interrompeu uma sequência de três meses de reduções de preços, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 2.
A taxa do IPP vinha de recuo de 0,34% em novembro de 2023, queda de 0,20% em dezembro, e a taxa de janeiro foi revista de uma redução de 0,31% para recuo de 0,24%.
Como resultado, o IPP acumulou uma deflação de 5,16% nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2024. A taxa acumulada em 12 meses completou um ano em território negativo, permanecendo em deflação desde março de 2023, apontou o IBGE.
O IPP mede a evolução dos preços de produtos na "porta da fábrica", sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação.
Atividades pesquisadas
A alta de 0,06% nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em fevereiro foi decorrente de elevações em 14 das 24 atividades pesquisadas. No mês de fevereiro, os aumentos de preços mais acentuados ocorreram em limpeza e perfumaria (2,17%), madeira (2,08%), metalurgia (2,03%), calçados e couro (1,89%), extrativas (1,79%), papel e celulose (1,60%) e farmacêutica (1,41%).
Já as principais quedas ocorreram em alimentos (-1,42%) e máquinas e equipamentos (-1,31%).
O setor de alimentos exerceu a maior influência negativa sobre o índice nacional, ajudando a conter a inflação em -0,35 ponto porcentual. A atividade foi influenciada pela queda nos preços de produtos derivados da soja, arroz e carnes de bovinos frescas, explicou o IBGE.
"Houve a entrada da safra da soja e do arroz e um aumento do efetivo do gado para abate. Isso torna os preços mais baratos para a indústria", justificou o gerente de análise e metodologia do IBGE, Alexandre Brandão, em nota oficial. "Se não fosse pelo resultado negativo do setor de alimentos, que pesa cerca de 25% da indústria, o índice teria crescido mais em fevereiro", acrescentou.
Já os setores que mais pressionaram o IPP de fevereiro foram metalurgia (impacto de 0,12 ponto porcentual), indústrias extrativas (contribuição de 0,09 ponto porcentual) e refino de petróleo e biocombustíveis (alta de 0,74% e impacto de 0,08 ponto porcentual). Além da alta de preços de insumos e commodities, houve influência da valorização do dólar ante o real em fevereiro, apontou Brandão.