Investing.com – As propostas tarifárias do candidato republicano à presidência, Donald Trump, podem ter efeitos econômicos prejudiciais, caso não sejam compensadas por medidas fiscais amplas, de acordo com analistas da BCA Research.
Trump traçou planos para impor tarifas agressivas sobre cerca de US$3 trilhões em importações para os EUA, incluindo uma taxa de 10% a 20% sobre todos os produtos estrangeiros e um imposto de 60% sobre itens vindos da China.
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Durante um evento de campanha em setembro, o ex-mandatário também ameaçou impor tarifas de 100% sobre todos os automóveis vindos do México, além de oferecer créditos fiscais para pesquisa e desenvolvimento às fabricantes que mantivessem a produção nos EUA. Ele afirmou que aplicaria uma taxa de 200% sobre as importações da fabricante de equipamentos agrícolas John Deere (NYSE:DE) caso a empresa avançasse com planos de deslocar a produção para o México.
O ex-presidente argumenta que as tarifas são necessárias para proteger empregos da classe trabalhadora e para combater o que ele considera práticas comerciais desleais de parceiros dos EUA, especialmente daqueles com os quais Washington tem um grande déficit comercial bilateral, como a China e a União Europeia.
Durante seu primeiro mandato, Trump presidiu um período de altas tensões comerciais com Pequim, marcado pela imposição de uma série de tarifas sobre produtos chineses.
No entanto, as tarifas ainda contam com apoio em ambos os partidos políticos, com preocupação generalizada de que a flexibilização das barreiras comerciais internacionais possa acarretar consequências econômicas e sociais. O governo do presidente atual, Joe Biden – em que Kamala Harris, candidata democrata à presidência, atua como vice-presidente – manteve muitas das tarifas da era Trump.
Segundo reportagens, a arrecadação prevista com o novo plano tarifário de Trump, estimada em trilhões de dólares, poderia ajudar a compensar os custos das grandes reduções de impostos corporativos que ele também pretende implementar.
As pesquisas mostram uma disputa acirrada para a eleição de 5 de novembro, com Trump e Harris virtualmente empatados em vários estados decisivos que podem influenciar fortemente o resultado.
Caso Trump vença, “as perspectivas econômicas e de mercado financeiro dependerão fortemente da sequência das políticas e da intensidade com que ele implementará ações comerciais agressivas,” afirmaram os analistas da BCA Research.
Muitos economistas se manifestaram contra o plano tarifário, argumentando que o resultado mais provável seria o aumento dos preços para os consumidores. Os estrategistas da BCA preveem que as tarifas podem impactar negativamente o crescimento tanto nos EUA quanto globalmente, a menos que sejam acompanhadas por suporte fiscal adicional.
“A questão é o timing. Se o impulso fiscal for fornecido ao mesmo tempo que tarifas substanciais, é possível que o efeito líquido seja positivo para o crescimento,” disseram os analistas da BCA em uma nota.