Por Marine Strauss e John Chalmers
BRUXELAS (Reuters) - Líderes da União Europeia se reuniram nesta sexta-feira em uma cúpula para conversas tensas sobre um plano de muitos bilhões de euros para dar alento às suas economias, seu primeiro encontro presencial desde que a pandemia de coronavírus mergulhou o bloco em sua crise mais recente.
Os 27 líderes, todos com máscaras, cumprimentaram-se com toques de cotovelo ao invés dos costumeiros beijos nas bochechas e apertos de mão. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro português, António Costa, ganharam presentes de aniversário.
Mas a demonstração de bonomia veio depois de semanas de desavenças transcontinentais a respeito da escala e da abrangência de um fundo de resgate conjunto. Merkel entrou nas conversas, previstas para durarem dois dias, alertando que um acordo está longe de ser algo garantido.
"Devo dizer que as diferença ainda são muito, muito grandes. Antecipo negociações muito, muito difíceis", disse.
A oposição holandesa e a ameaça de um veto da Hungria afetam as chances de um acordo para o orçamento de 2021-27, avaliado em pouco mais de um trilhão de euros, e um novo fundo de recuperação de 750 bilhões de euros anexado a ele que pretende ajudar a reconstruir as economias do sul mais afetadas pela crise.
Os 27 chefes da UE se reuniram em um salão da sede da entidade em Bruxelas equipado com gel antisséptico e fones de ouvido desinfectados. Por precaução, desta vez os jornalistas não tiveram acesso ao edifício.
Autoridades disseram que a cúpula pode se arrastar até domingo se um acordo continuar distante. O premiê de Luxemburgo, Xavier Bettel, disse à Reuters que, na dúvida, levou uma muda de roupas extra.
Como as economias da UE estão em queda livre e medidas de socorro imediato, como esquemas de trabalho de curto prazo, se encerram ao final do verão local, o espectro de um outono de mal estar econômico e insatisfação profundos assoma no horizonte.
A UE ainda sofre com a saga prolongada do Brexit e os traumas de crises passadas, que vão do derretimento financeiro de 2008 aos desentendimentos sobre a imigração.
Outro choque econômico pode expô-la a mais forças eurocéticas, nacionalistas e protecionistas e enfraquecer sua posição diante da China, dos Estados Unidos ou da Rússia.
"As apostas não poderiam ser mais altas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes da reunião. "O mundo todo está assistindo, (para ver) se a Europa é capaz de se manter unida e superar esta crise relacionada ao corona com força".
(Reportagem adicional de Gabriela Baczynska em Varsóvia, Elizabeth Pineau e Mathieu Rosemain em Paris, Belén Carreño e Inti Landauro em Madri, Michelle Martin e Andreas Rinke em Berlim, Marton Dunai em Budapeste, Anthony Deutsch e Toby Sterling em Amsterdã, Robin Emmott, Kate Abnett e Francesco Guarascio em Bruxelas)