WASHINGTON (Reuters) - A Argentina precisa de um alívio substancial dos credores privados em sua reestruturação da dívida e "não existe praticamente nenhum escopo" para pagamentos do serviço da dívida de bonds no médio prazo, informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório da equipe do Fundo nesta sexta-feira.
A dívida pública da Argentina, de quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) no final de 2019, é insustentável, acrescentou o FMI, sinalizando apoio ao governo do país da América Latina, que diz que não pode pagar suas dívidas sem ganhar tempo para retomar o crescimento.
A equipe do FMI previu que a Argentina precisaria aumentar os gastos para evitar o impacto da pandemia de coronavírus, alcançando depois um superávit primário de 0,8% do PIB até 2023, subindo para cerca de 1,3% no longo prazo, disse o documento.
A Argentina mergulhou na crise econômica em 2018 e foi forçada a recorrer ao FMI para uma linha de crédito de 57 bilhões de dólares. A crise piorou no ano passado com recessão, inflação persistente e um peso em queda.
O país --importante produtor de grãos-- está em negociações com credores, incluindo o FMI, para renegociar cerca de 110 bilhões de dólares em bônus sob leis estrangeiras e linhas de crédito.
O relatório do FMI disse que havia vários cenários de reestruturação, incluindo "cortes de valor de face, extensões de vencimento, períodos de carência e cortes nas taxas de juros", que poderiam proporcionar o necessário alívio no fluxo de caixa do país.
O texto disse que a Argentina precisa de alívio de fluxo de caixa entre 55 bilhões de dólares e 85 bilhões de dólares na próxima década.
"Será necessário um alívio substancial na dívida da Argentina por parte de credores privados para restaurar a sustentabilidade da dívida com alta probabilidade", disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva.
Um risco importante de curto prazo está relacionado ao forte impacto negativo da atual pandemia global de coronavírus, que pode atingir a Argentina mais do que se pensa atualmente, acrescentou o relatório do FMI.
(Reportagem de Eliana Raszewski)