Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - Os argentinos foram às urnas, neste domingo, depois de um ano de reviravoltas em uma dramática corrida eleitoral que tem o criticado presidente conservador Mauricio Macri bem atrás do rival peronista Alberto Fernández nas pesquisas de opinião.
Os locais de votação foram abertos às 8h da manhã em todo o país, da cinzenta Buenos Aires às terras dos Pampas e os vinhedos de Mendoza.
A votação continuará até as 18h, com os primeiros resultados esperados para algumas horas depois.
A disputa --que muitos consideram já vencida por Fernández-- é efetivamente um referendo entre a austeridade de Macri e o "contrato social" proposto pela oposição de esquerda, cujo populismo atraiu eleitores feridos gravemente por uma crise econômica.
A escolha na Argentina pode ter implicações de longo alcance: o país é um dos principais exportadores de grãos do mundo, está agitando o mercado de energia com seu enorme campo de xisto Vaca Muerta e está à beira de negociações de reestruturação com credores de mais de 100 bilhões de dólares em dívidas.
"O que está em jogo nesta eleição são simplesmente duas visões opostas do país", disse José Luis Salomón, prefeito da cidade agrícola de Saladillo, que apoia Macri e espera que ele possa forçar um segundo turno.
Muitos não concordam.
Fernández, um nome relativamente desconhecido até este ano fora dos círculos políticos argentinos, detém uma vantagem de 20 pontos na maioria das pesquisas depois de derrotar Macri nas primárias de agosto, um resultado chocante que abalou os mercados, uma vez que os investidores temeram uma mudança política populista.
Esse resultado --e a forte queda do mercado que se seguiu--alteraram radicalmente a dinâmica da corrida, aprofundando ainda mais a crise econômica e fazendo de Macri o azarão em uma eleição que a maioria pensava que seria uma disputa acirrada.
A economia tomou o centro do palco com o país vivendo uma recessão na maior parte do ano passado, perspectivas obscuras para o crescimento, a inflação anual acima de 50%, números de trabalho em queda e pobreza brusca.
(Reportagem adicional de Hugh Bronstein e Joan Manuel Santiago Lopez)