LONDRES (Reuters) -O Banco da Inglaterra (BoE) elevou sua principal taxa de juros para 2,25% de 1,75% nesta quinta-feira e disse que continuará a "responder com força, conforme necessário" à inflação, mesmo com a economia entrando em recessão.
O BoE estima que a economia britânica encolherá 0,1% no terceiro trimestre -em parte devido ao feriado extra para o funeral da rainha Elizabeth- que, combinado a uma queda na produção no segundo trimestre, atende à definição de recessão técnica.
Economistas consultados pela Reuters na semana passada previam uma repetição do aumento de 0,5 ponto percentual em agosto nas taxas, mas os mercados financeiros apostavam em um aumento de 0,75 ponto percentual, o que seria o maior desde 1989, com exceção de uma breve e fracassada tentativa em 1992 de apoiar a libra.
A libra caiu mais de meio centavo em relação ao dólar americano após a decisão e ficou abaixo de 1,13 dólar, depois de ter atingido o menor valor em 37 anos perto de 1,12 no início do dia. Os preços dos títulos do governo britânico caíram acentuadamente.
O movimento do BoE vem após decisão do Federal Reserve dos EUA na quarta-feira de aumentar sua taxa básica em 0,75 ponto percentual, conforme bancos centrais em todo o mundo lidam com a escassez de mão de obra pós-Covid e o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia nos preços da energia.
O comitê de política monetária do BoE votou por 5 a 4 para aumentar as taxas para 2,25%, com dois membros votando por um aumento para 2,50% e outro defendendo um aperto menor, para 2%.
Os mercados financeiros agora veem uma chance de aproximadamente 75% de que o BoE elevará a taxa bancária novamente para 2,75% em sua próxima reunião em novembro. Antes da decisão, uma taxa de 3% estava totalmente precificada.
O BoE agora espera que a inflação atinja um pico de pouco menos de 11% em outubro, abaixo do pico de 13,3% previsto no mês passado, antes de Liz Truss conquistar a liderança do Partido Conservador e se tornar primeira-ministra do Reino Unido com a promessa de limitar as tarifas de energia e cortar impostos.
A inflação permanecerá acima de 10% por alguns meses após outubro, antes de cair, disse o BoE.
(Por David Milliken e Andy Bruce)