Por Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O Banco Mundial disse nesta quinta-feira que encerrou a publicação de seu relatório 'Doing Business' (Fazendo Negócios), sobre o ambiente para investimento e negócios nos países, depois que uma investigação citou "pressão indevida" de autoridades importantes, incluindo da então presidente-executiva do banco Kristalina Georgieva, para impulsionar a classificação da China em 2017.
O Banco Mundial disse em comunicado que a decisão veio após relatórios de auditoria interna levantarem "questões éticas, incluindo sobre a conduta de ex-funcionários do Conselho, bem como de funcionários atuais e/ou antigos do Banco", e depois também de investigação do Conselho conduzida pelo escritório de advocacia WilmerHale.
O relatório do WilmerHale citou "pressão direta e indireta" de autoridades seniores no escritório do então presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, para mudar a metodologia do relatório de forma a aumentar a pontuação da China, e disse que isso provavelmente ocorreu sob a direção de Kim.
O documento também afirmou que Georgieva, que hoje é diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, e um importante assessor pressionaram a equipe a "fazer alterações específicas nos pontos dos dados da China" e elevar sua classificação, num momento em que o banco buscava o apoio da China para um grande aumento de capital.
A classificação final da China no relatório "Doing Business 2018", publicado em outubro de 2017, subiu sete posições após as mudanças na metodologia de dados em comparação com o esboço inicial do relatório, ficando na 78ª posição.
"Discordo fundamentalmente das conclusões e interpretações da investigação de irregularidades de dados no que se refere ao meu papel no relatório Doing Business do Banco Mundial de 2018", disse Georgieva em comunicado divulgado pelo FMI. Ela acrescentou que se reuniu com o conselho executivo do FMI para discutir o assunto.
O relatório WilmerHale também citou irregularidades nos dados usados para determinar as classificações da Arábia Saudita e do Azerbaijão no relatório "Doing Business 2020" publicado em 2019, mas não encontrou evidências de que algum membro do gabinete da presidência ou da diretoria executiva do banco estivesse envolvido em estas alterações.
"No futuro, estaremos trabalhando em uma nova abordagem para avaliar o clima de negócios e investimentos", disse o Banco Mundial em um comunicado.