SÃO PAULO (Reuters) - O Bank of America (NYSE:BAC) elevou em 1 ponto percentual completo seu prognóstico para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, a 1,5%, com a avaliação de que a economia deve receber impulso de termos de troca mais favoráveis e de estímulos fiscais.
Já para 2023, a projeção do banco para a alta do PIB foi cortada à metade, para 0,9%.
"Os recentes desdobramentos na frente externa estão beneficiando mercados emergentes não europeus, como o Brasil", disse o BofA em relatório com data de segunda-feira. "Especificamente, o aumento dos preços das commodities é um choque positivo nos termos de troca, impulsionando a balança comercial do país, elevando a produção e desbloqueando investimentos incrementais no setor primário."
Os preços de produtos agrícolas, metálicos e energéticos dispararam no mercado internacional a partir do final de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. A guerra, que completará três meses na semana que vem, segue se arrastando, comprometendo a oferta de várias commodities, o que tende a manter seus custos elevados.
Além de citar fatores exógenos, o BofA afirmou que "maiores estímulos fiscais anunciados pelo governo incrementarão a demanda agregada, ajudando a mitigar a deterioração das finanças das famílias", com esse impacto devendo ser sentido principalmente no segundo trimestre deste ano.
O governo federal anunciou em março um pacote de estímulo à economia que inclui a liberação de recursos de contas do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, criação de um programa de microcrédito digital e ampliação da margem de empréstimos consignados. O programa Auxílio Brasil também teve seu pagamento médio reajustado, aumentando as transferências de renda para os mais pobres.
Além disso, o governo ampliou o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no final do mês passado, depois de já ter reduzido alíquotas do PIS/Cofins sobre óleo diesel e gás de cozinha em meio à inflação elevada.
O BofA também atribuiu a revisão para cima de sua estimativa para a atividade em 2022 às surpresas positivas em vários indicadores econômicos recentes, como dados de vendas no varejo e volume de serviços.
Mesmo assim, houve piora em sua projeção para o crescimento do ano que vem, a 0,9%, contra taxa de 1,8% prevista anteriormente. Isso porque o efeito cumulativo de juros mais altos só deve ter impacto mais forte na atividade econômica a partir do terceiro trimestre deste ano, o que deve ter efeito negativo para 2023.
"O consumo privado continuará sofrendo os efeitos defasados do aperto monetário no primeiro semestre de 2023, mas deve começar a se recuperar na segunda metade do ano", disse o BofA, que espera que a taxa Selic chegue a 13,25 no mês que vem e recue a 10,5% ao longo de 2023.
(Por Luana Maria Benedito)