BOGOTÁ (Reuters) - O presidente colombiano, Gustavo Petro, disse nesta terça-feira que o banco central do país poderia emitir títulos para arrecadar fundos para pagar reparações a milhões de vítimas de seu conflito de quase seis décadas, citando a falta de outras opções de financiamento.
A unidade de vítimas do país diz que 9,4 milhões de pessoas sofreram deslocamento, violência sexual, ferimentos, assassinatos ou outras violências durante o conflito entre o governo, paramilitares de direita, rebeldes de esquerda e gangues criminosas.
As vítimas do conflito têm direito a indenização de acordo com a lei colombiana e os pagamentos totais custariam cerca de 301 trilhões de pesos, cerca de 66 bilhões de dólares. O orçamento da unidade de vítimas para este ano é de apenas 2,5 trilhões de pesos.
"Ou não podemos compensar as vítimas ou temos que construir de outra maneira", disse Petro durante um evento do governo sobre os esforços de paz. "Se não está no orçamento e não são vitimizadores (que pagam), de onde virá?"
"Só há uma opção, trago para discussão... uma emissão feita rotineiramente pelo banco central, mas em vez de ir para os bancos deveria ir para títulos para compensar as vítimas", afirmou Petro.
Os títulos permitiriam que o governo terminasse de pagar a compensação em no máximo 15 anos, acrescentou Petro, dizendo que não pode impor uma decisão ao banco central.
Ele não forneceu mais detalhes.
Petro prometeu buscar a paz ou acordos de rendição com os grupos rebeldes remanescentes e gangues criminosas para acabar com o conflito, incluindo negociações com os rebeldes do ELN e ex-combatentes das guerrilhas das Farc que não aderiram ao acordo de paz de 2016.
(Por Nelson Bocanegra e Carlos Vargas)