FRANKFURT (Reuters) - O aumento das taxas de juros pelo Banco Central Europeu na quinta-feira pode ter sido o último por enquanto, mas as autoridades precisarão até março ter certeza disso e novos aumentos ainda não podem ser descartados, disse o membro do BCE Peter Kazimir nesta segunda-feira.
O BCE aumentou sua taxa de depósito para um recorde de 4% na semana passada e sugeriu uma pausa, levantando expectativas no mercado de que seu próximo passo será um corte, possivelmente no final da primavera de 2024 (no hemisfério norte).
"Somente a previsão de março pode confirmar que estamos caminhando de forma inequívoca e constante em direção à nossa meta de inflação", disse Kazimir em um artigo de opinião. "É por isso que não posso descartar a possibilidade de novos aumentos de juros hoje."
Kazimir foi um dos poucos a pedir abertamente um aumento da taxa no período que antecedeu a reunião de política monetária de setembro, argumentando que a inflação subjacente continua forte e corre o risco de ficar presa acima da meta.
Ele acrescentou que, mesmo que o BCE esteja na chamada taxa terminal, ou seja, no pico da taxa de juros, o banco precisaria traçar um curso estável por um longo período.
"Suponhamos que (já) estejamos no topo. Se for o caso, talvez tenhamos que ficar acampados aqui por algum tempo e passar o inverno, a primavera e o verão aqui", disse Kazimir.
"Portanto, é prematuro fazer apostas no mercado sobre quando ocorrerão os primeiros cortes nas taxas de juros", acrescentou.
O fim dos aumentos também dará início a uma nova fase de discussões sobre a política monetária, e as autoridades precisarão então debater o que fazer com os dois esquemas de compra de títulos do banco, o Programa de Compra de Emergência da Pandemia (PEPP) e o Programa de Compra de Ativos (APP).
(Reportagem de Balazs Koranyi)