Por Jan Strupczewski
BRUXELAS (Reuters) - O Banco Central Europeu deve tranquilizar os líderes da União Europeia nesta sexta-feira de que os bancos da zona do euro estão seguros após a turbulência financeira causada por credores dos Estados Unidos e da Suíça, mas pedirá que eles avancem com um esquema de seguro para depósitos, disseram autoridades.
Os líderes do bloco europeu se reúnem para um segundo dia de negociações em Bruxelas para discutir questões econômicas, incluindo mudanças nas regras fiscais e de dívida do bloco, mas os temores com o impacto dos problemas do Credit Suisse (SIX:CSGN) e do Silicon Valley Bank (SVB) no sistema bancário europeu devem dominar as conversas, disseram as autoridades.
O colapso dos bancos regionais norte-americanos SVB e Signature Bank neste mês provocou uma queda nas ações do setor bancário, já que os investidores temiam outros desastres no setor. O efeito se espalhou para o Credit Suisse, o que levou o UBS a assumir o controle do banco suíço de 167 anos para evitar uma crise mais ampla.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, apresentará aos líderes a situação de estabilidade econômica e financeira dos 20 países que compartilham o euro e deve enfrentar perguntas sobre os planos do BCE de mais aumentos nos juros para conter a inflação.
"Christine Lagarde vai tranquilizar os bancos após a solução suíça", disse uma autoridade. "Ela pedirá aos líderes que concluam sua União Bancária e avancem na União dos Mercados de Capitais."
"Sua mensagem deve ser que o BCE está determinado na política monetária, mas dependente de dados, sem orientação futura. Não há trade-off entre metas financeiras e de estabilidade de preços. O BCE tem ferramentas paralelas para fazer as duas coisas", disse a autoridade.
"Concluir a União Bancária" é o código do bloco para a introdução de um Esquema Europeu de Seguro de Depósitos (Edis, na sigla em inglês), o último elemento que falta em um projeto lançado em 2012.
A União Bancária já está dois terços concluída. A UE estabeleceu uma única supervisão dos principais bancos da zona do euro nas mãos do BCE e uma única autoridade de resolução com um fundo especial para resolver a situação de credores inadimplentes.
Embora a maioria dos países do bloco tenha alguma forma de seguro nacional que garanta depósitos de até 100 mil euros, não existe um esquema em toda a UE, nem uma maneira de as autoridades cooperarem além das fronteiras se uma crise bancária for muito grave para um país.
(Por Jan Strupczewski)