Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e um de seus principais assessores alertaram nesta segunda-feira que uma paralisação do governo federal poderia causar sofrimento generalizado, incluindo uma rápida perda de benefícios alimentares para quase 7 milhões de mulheres e crianças de baixa renda.
Biden disse numa reunião sobre faculdades e universidades historicamente negras que o fracasso do Congresso em financiar o governo federal teria consequências terríveis para a comunidade negra, incluindo a redução dos benefícios nutricionais.
Biden disse que ele e o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, concordaram há alguns meses sobre os níveis de gastos do governo.
“Fizemos um acordo, apertamos as mãos”, disse ele. "Agora, um pequeno grupo de republicanos extremistas da Câmara... não quer cumprir esse acordo, e todos na América poderão ter de pagar o preço por isso."
Questionado se havia falado com McCarthy, Biden disse: “Não falei”. Ele balançou a cabeça quando questionado sobre quando eles conversariam.
O secretário da Agricultura, Tom Vilsack, alertou mais cedo que alguns auxílios podem ser afetados em dias ou semanas se o Congresso não fornecer financiamento para o ano fiscal que se iniciará em 1º de outubro.
Vilsack disse que a “grande maioria” dos participantes do programa especial de suplementação alimentar para mulheres e crianças, conhecido como WIC, pode ser afetada, com reduções imediatas dos benefícios.
“Se tivermos uma paralisação, o WIC será paralisado”, disse Vilsack a repórteres. “Por qual razão? Não há motivo para essa paralisação.”
Milhões de norte-americanos dependem de auxílios alimentares para sobreviver, depois de a inflação ter pressionado os orçamentos das famílias e encarecido alimentos que vão dos pães aos vegetais, passando até por fórmulas para bebês. De acordo com o governo Biden, quase a metade dos recém-nascidos dos EUA dependem do WIC.
A Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, poderá avançar esta semana com cortes drásticos nas despesas, que seriam quase certamente rejeitados pelo Senado, controlado pelos democratas. Embora os cortes não se tornem lei, o fato de ambas as Casas não chegarem a um acordo poderia forçar uma paralisação parcial do governo federal no próximo domingo.
Os deputados devem aprovar na terça-feira quatro projetos orçamentários para o novo ano fiscal, que imporiam mais restrições de acesso ao aborto, desmontariam uma iniciativa climática do governo Biden — ao custo de 11 bilhões de dólares — e retomariam a construção do muro entre os EUA e o México, um projeto com a marca do ex-presidente Donald Trump. Biden prometeu vetar pelo menos dois dos projetos.
(Reportagem de Steve Holland)