Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)vai antecipar quase 10 bilhões de reais em dividendos ao governo federal neste ano, ajudando o resultado fiscal da União, afirmou o presidente do conselho do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas.
Diante da crise fiscal enfrentada pelo governo federal, que registrará novo déficit em 2019, e também da baixa demanda por recursos do BNDES por parte das empresas, o banco de fomento vai ajudar a União ao antecipar dividendos, acrescentou.
Até agora, o banco já aprovou 4,9 bilhões de reais em antecipação de dividendos ao governo em 2019, referentes ao lucro do primeiro semestre.
“O BNDES está fazendo seu papel, de um banco 100 por cento do governo, de ajudar o lado fiscal do governo. Dividendos ajudam na redução do déficit fiscal“, disse Freitas à Reuters na noite de sexta-feira.
O BNDES vinha, até o momento, pagando dividendos de acordo com o piso previsto em no seu estatuto, que é de 25%. Mas, para ajudar as contas públicas, o conselho do banco aprovou o pagamento dos dividendos pelo teto estabelecido no estatuto, que é de 60%. Além disso, os dividendos, que eram normalmente pagos no começo do ano subsequente, agora estão sendo pagos no ano corrente.
“O BNDES ainda deve os empréstimos e está antecipando. O BNDES não está emprestando muito e não precisa competir com os bancos privados. O BNDES é um banco para emprestar no longo prazo, pois tem o FAT como funding”, disse Freitas.
Além dos 4,9 bilhões de reais já aprovados em antecipação de dividendos até agora, outros 4,6 bilhões de reais estão previstos até o fim do ano, segundo o presidente do conselho, totalizando 9,5 bilhões de reais em 2019.
Paralelamente, o BNDES se programa para devolver ao Tesouro este ano mais de 120 bilhões de reais, que foram irrigados no banco ao longo dos governos do PT. Desse valor, já foram liquidados 70 bilhões de reais, e outros 30 bilhões estão previstos para serem devolvidos em breve.
De janeiro a setembro deste ano, o BNDES emprestou 38 bilhões de reais a empresas, uma queda de 13% ante igual período do ano passado. Com a economia andando de lado, o presidente do conselho do banco estima que os desembolsos devem fechar o ano na casa de 55 bilhões a 60 bilhões de reais, um dos piores volumes dos últimos anos.
“Vemos que será o mínimo dos últimos anos, mas já vemos sinais de mudança“, disse Freitas. “Acho que ano que vem o PIB cresce entre 2% e 3% e os desembolsos sobem para 70 bilhões“, afirmou.