Por Caroline Copley e Michelle Martin
BERLIM (Reuters) - Os conservadores da coalizão da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, chegaram a um entendimento de que as mulheres devem ser impedidas de usar um véu de rosto muçulmano em escolas e universidades e ao conduzir veículos, disse o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, nesta sexta-feira.
A medida vem na esteira de um influxo de mais de um milhão de refugiados, a maioria muçulmanos, da Síria, do Iraque e do Afeganistão no ano passado e tendo como pano de fundo os temores de segurança crescentes do público após dois ataques islâmicos e um tiroteio aleatório realizado por um adolescente mentalmente instável.
Ministros do Interior regionais pertencentes à União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) e à União Social Cristã (CSU (SA:CARD3)), aliadas de Merkel, apresentaram uma declaração em Berlim a respeito de medidas de segurança mais rígidas, incluindo mais policiamento e vigilância em áreas públicas.
Entre as propostas mais polêmicas está o pedido de proibição parcial da burqa e do niqab, duas peças de vestuário. Lorenz Caffier, ministro do Interior do Estado de Mecklenburg-Vorpommern, disse que o véu de corpo inteiro é uma barreira à integração, incentiva sociedades paralelas e insinua que as mulheres são inferiores.
"Todos nós rejeitamos o véu de corpo inteiro --não somente a burqa, mas também outros tipos de véu inteiro que só deixam os olhos visíveis... isso não tem lugar em nossa sociedade", disse De Maizière aos repórteres.
"Queremos adotar uma lei que faça as pessoas mostrarem seu rosto, e isso significa que aquelas que violarem essa lei terão que lidar com as consequências".
Os ministros do Interior conservadores querem fazer com que as mulheres exibam o rosto ao volante, quando se registrarem junto às autoridades, nos postos de verificação de passaportes e em manifestações. Eles também querem que servidores públicos, professores, estudantes de escolas e universidades, juízes e testemunhas nos tribunais sejam proibidos de usar o véu inteiro.
O debate a respeito do véu de rosto vem dividindo a coalizão de governo de Merkel, e o Partido Social Democrata (SPD), parceiro minoritário da coalizão, se opõe em grande parte às exigências.
A ministra do Trabalho Andrea Nahles, do SPD, disse que os pedidos são sinal de um discurso político "cada vez mais xenófobo" na Alemanha e que poderiam representar um sério revés nos esforços para integrar imigrantes. O ministro da Justiça, Heiko Mass, também do SPD, disse que os debates sobre a burqa e sobre segurança deveriam ser mantidos separados.