(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que decidiu em reunião com o ministro da Defesa que o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército vai ampliar a produção da cloroquina, que está sendo testada como tratamento para o novo coronavírus, apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter informado que não recomenda sua utilização em pacientes infectados ou como forma de prevenção ao Covid-19.
De acordo com nota divulgada pela Anvisa na sexta-feira, não há estudos conclusivos que comprovam o uso de medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento do novo coronavírus, e não há recomendação da agência para a sua utilização.
A Anvisa, inclusive, decidiu enquadrar a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial para evitar que pessoas que não precisam desses medicamentos provoquem um desabastecimento no mercado.
"A Agência recebeu relatos de que a procura pela hidroxicloroquina aumentou depois que algumas pesquisas indicaram que este produto pode ajudar no tratamento da Covid-19. Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavírus", disse a Anvisa.
"Ou seja, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus", acrescentou a agência.
Apesar da nota da Anvisa, Bolsonaro afirmou neste sábado, em vídeo publicado em suas redes sociais, que acertou com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o aumento da produção do medicamento pelo Exército, e disse que a Anvisa proibiu na sexta-feira sua exportação.
"Agora pouco, os profissionais do hospital Albert Einstein me informaram que iniciaram o protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da cloroquina nos pacientes com Covid-19. Também agora pouco, me reuni com o senhor ministro da Defesa, onde decidimos que o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército deve imediatamente ampliar a sua produção desse medicamento", disse Bolsonaro no vídeo, em um tuíte com o título "Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com o Covid-19".
"Na última sexta-feira, o almirante Antônio Barra, presidente da Anvisa, decidiu que a cloroquina não poderá ser vendida para outros países, afinal, esse medicamente também é usado no Brasil para combater a malária, o lúpus e a artrite", acrescentou.
Atualmente, não existem vacinas nem tratamentos para a doença respiratória altamente contagiosa Covid-19, por isso os pacientes só podem receber cuidados paliativos por ora.
Nos Estados Unidos, a Universidade de Minnesota iniciou nesta semana um teste para verificar se a hidroxicloroquina pode evitar ou reduzir a severidade do Covid-19.
Separadamente, uma equipe francesa disse que os resultados iniciais de um teste de hidroxicloroquina com 24 pacientes mostrou que 25% dos que receberam o remédio ainda portavam o coronavírus depois de seis dias -- a taxa foi de 90% entre os que receberam um placebo.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)