Por Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que seu novo partido, Aliança pelo Brasil, é a oportunidade de unir "todos os brasileiros de bem" pelo futuro do país, e defendeu que a solução para os problemas do país passa pela política.
Num momento em que alguns de seus apoiadores atacam o Supremo Tribunal Federal (STF) e mesmo parlamentares, Bolsonaro também defendeu as instituições e o diálogo entre os Poderes.
"Tudo passa pela política, não adianta reclamar do Parlamento, do presidente da República, do Poder Judiciário, tudo aqui é política", disse Bolsonaro em seu discurso, acrescentando que conversa com parlamentares e presidentes do Poderes com “cordialidade”.
“Nós temos que trabalhar para que essas instituições, cada vez mais, sejam aperfeiçoadas", acrescentou. "Vamos fazer críticas, mas críticas moderadas", afirmou o presidente, eleito sob uma bandeira contra o que chamou de “velha política”.
Em discurso na primeira convenção nacional do partido que busca criar, o presidente da República afirmou, sem citar nominalmente a sigla pela qual se elegeu, o PSL, que no início a união foi “maravilhosa”, mas começou a dar “problemas”.
A falta de transparência das contas do PSL foi uma das justificativas para o presidente anunciar sua saída da sigla, mas nos bastidores uma das explicações dadas para esse movimento foi a tentativa de Bolsonaro de obter o controle do partido e, assim, dos recursos dos fundos partidário e eleitoral.
A ala bolsonarista do PSL que pretende acompanhá-lo na nova sigla alega sofrer perseguição e represálias, o que poderia embasar uma argumentação pela manutenção de seus mandatos caso migrem. O PSL abriu procedimento disciplinar contra 19 deles no Conselho de Ética.
No discurso desta quinta-feira, o presidente disse que haverá uma “seleção” de pessoas para comandar o novo partido nos Estados e afirmou que não haverá espaço para quem queira “negociar legenda”.
Bolsonaro aproveitou também para repetir que pela primeira vez um presidente cumpre as promessas de campanha e que montou um ministério com compromisso com o país, que está rendendo resultados.
Na campanha eleitoral, Bolsonaro prometia evitar as indicações políticas para cargos. Nesta quinta-feira, admitiu ter recebido sugestões de nomes ao montar seu gabinete, mas disse ter avaliado os currículos dos indicados.
Segundo ele, seu governo fez o Brasil recuperar a confiança do mundo.