Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil enfrentará dificuldades fiscais ao longo deste ano apesar da consolidação vista em 2021, disse nesta segunda-feira a agência de classificação de risco Fitch Ratings.
Em nota, a Fitch afirmou que um crescimento mais fraco, deterioração esperada no saldo primário e juros mais altos impedirão uma repetição do desempenho positivo observado em 2021, quando o setor público consolidado brasileiro registrou um superávit primário de 64,727 bilhões de reais, o primeiro em oito anos, segundo dados do Banco Central.
De acordo com a agência, "os mais recentes dados fiscais do Brasil confirmam nossa visão de que 2021 seria um ano de rápida consolidação" após o impacto da pandemia de Covid-19, e, em algumas métricas, vieram melhores que as expectativas da Fitch.
A dívida bruta do país, por exemplo, encerrou o ano passado em 80,3% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a agência de classificação de riscos esperava taxa de 80,9%. No fim de 2020, a dívida estava em 88,6% do PIB.
Segundo a Fitch, os resultados das receitas do setor público "podem ter se beneficiado de algumas mudanças estruturais impulsionadas pela pandemia, incluindo maior formalização, digitalização e outras reorganizações empresariais".
Além disso, fatores isolados --como pré-pagamentos do BNDES ao Tesouro-- também ajudaram a reduzir a relação dívida/PIB, afirmou a Fitch.
Em meados de dezembro passado, a Fitch Ratings reafirmou a nota de crédito soberano do Brasil em moeda estrangeira em "BB-", com perspectiva negativa, que reflete riscos negativos à economia, às finanças públicas e à trajetória da dívida.