Por Tetsushi Kajimoto e Daniel Leussink e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O Japão deveria lutar por uma nova forma de capitalismo para diminuir a disparidade de renda, que se agravou durante a pandemia de Covid-19, disse nesta quarta-feira Fumio Kishida, que espera se tornar o próximo primeiro-ministro do país.
Ex-ministro das Relações Exteriores, Kishida apresentou suas políticas econômicas para a corrida pela liderança do Partido Liberal Democrata (PLD), que começou na semana passada depois que o premiê Yoshihide Suga anunciou que deixará o cargo. O vencedor da disputa interna da legenda assumirá o posto de premiê.
Sanae Takaichi, ex-ministra do Interior, entrou no páreo contra Kishida com uma plataforma conservadora, e Taro Kono, o popular ministro a cargo da vacinação contra o coronavírus, encontrou-se com pesos-pesados do partido enquanto analisa suas chances.
Se Takaichi, de 60 anos, conseguir contrariar as probabilidades, se tornará a primeira mulher a liderar o Japão.
Kishida disse que a desregulamentação durante a era de reformas do início dos anos 2000 ampliou a defasagem entre as pessoas com meios e as despossuídas e que a política econômica do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que tentou consertar as finanças combalidas através do crescimento alto e do aumento da renda de impostos, não resultou na universalização dos benefícios.
"Sem distribuição de riqueza, não haverá um aumento do consumo e da procura... não haverá crescimento adicional se a distribuição de riqueza for perdida", disse Kishida em uma apresentação em Tóquio nesta quarta-feira.
"Não há dúvida de que a Abenomics trouxe uma grande conquista no crescimento, mas em termos de distribuição de riqueza, a universalização ainda não aconteceu."
Kishida repetiu um apelo por um pacote de estímulo econômico e reiterou seu apoio à meta de inflação de 2% do Banco do Japão por vê-la como um "padrão global".
Ele também pediu o estabelecimento de um fundo universitário equivalente a 90 bilhões de dólares para estimular a ciência e a promoção da energia renovável, mas mantendo a tecnologia nuclear, que disse dever ser considerada como uma opção de energia limpa.
Takaichi entrou na disputa com propostas para reforçar a segurança e ajudar a fortalecer a economia abalada pela Covid, mas se sai mal no quesito aprovação popular, o que pode prejudicar suas chances.
Quem vencer a votação de 29 de setembro para os membros da base do PLD e os parlamentares do partido conduzirá a sigla à eleição da câmara baixa, que deve ser realizada até 28 de novembro --o que torna o apelo público um fator importante na escolha de um sucessor de Suga.
(Reportagem adicional de Antoni Slodkowski)