Investing.com – Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que dificilmente o governo vai cumprir a meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, economistas de mercado alertam para a elevação dos riscos envolvendo esse tipo de discurso.
Em relatório enviado aos clientes e ao mercado, o banco UBS afirmou que ainda que a fala “não represente um risco iminente para a política fiscal, aumenta o risco a médio prazo, especialmente se a economia desacelerar ainda mais nos próximos trimestres”. De acordo com os economistas do UBS Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins, uma possibilidade seria realizar contingenciamentos, o que tende a não ser visto com bons olhos pelo governo.
De acordo com o UBS, que cita sinais de fumaça na política fiscal, as metas do governo são inviáveis. A projeção de déficit primário é de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e de zero para o ano que vem. O consenso espera -0,7% e o banco -0,9% para 2024. “No final, a crítica do presidente coloca um risco para uma mudança na meta; no entanto, por enquanto, isso pode significar apenas alinhamento na direção das estimativas dos analistas privados, que acreditamos estar precificadas”, destaca o banco, que avalia que o foco do mercado deve estar relacionado a possíveis alterações na regra de gastos.
Na opinião de Felipe Salto, economista-chefe da Warren, as falas do presidente Lula não alteram o cenário fiscal, apesar das turbulências no mercado. Salto acredita que a argumentação não é novidade e “apenas reforça o discurso de preservação de investimentos públicos, em linha com as diretrizes do atual governo”. A Warren estima déficit primário de 0,74% do PIB no ano que vem. “Nosso cenário é de cumprimento do arcabouço, com meta fiscal zero não sendo observada em 2024, mas acionando-se ambos os gatilhos no devido prazo”, conclui.