Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reconheceu nesta sexta-feira que as perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) pioraram para 2022, mas buscou frisar que o país segue na trajetória de consolidação fiscal a despeito da mudança na regra do teto de gastos.
Em live promovida pela Genial Investimentos, Sachsida avaliou que a alteração na janela de correção do crescimento dos gastos públicos é, na verdade, uma melhoria. E disse não ter dúvidas sobre a aprovação da PEC dos Precatórios, que abrirá espaço orçamentário de mais de 90 bihões de reais no ano que vem.
"Discordo que estamos arranhando a credibilidade, nosso compromisso é exatamente o mesmo", afirmou ele, em referência ao comprometimento com a consolidação fiscal e com agenda de reformas pró-mercado e para aumento de produtividade.
Ao ser questionado sobre o desempenho da economia no ano que vem, ele reconheceu ter havido impacto nos números, sem especificá-los.
"Infelizmente o cenário piorou", admitiu Sachsida, citando um ambiente externo mais desafiador, com possibilidade de crise de energia na Europa e crise de abastecimento na China, e marcado por problemas de quebras de cadeias produtivas.
"As condições financeiras infelizmente pioraram, evidente que isso tem efeito nas nossas projeções", completou o secretário.
Mas ele ressalvou que mais importante que um crescimento de 1% ou 2% é a sua qualidade, com investimentos privados mais presentes e marcos regulatórios aprimorados.
A última projeção oficial do Ministério da Economia, divulgada em setembro, era de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,3% este ano e 2,5% no ano que vem.
Agentes de mercado, por sua vez, estimam alta de 4,94% para 2021 e 1,2% para 2022, conforme boletim Focus mais recente.
Sobre a PEC dos Precatórios, Sachsida disse não ter dúvidas que a proposta será aprovada no Congresso, ao mesmo tempo em que defendeu as alterações promovidas pelo texto.
Para o secretário, a mudança na janela de correção do crescimento dos gastos públicos pelo IPCA do ano anterior, ante sistemática atual que considera os 12 meses acumulados até junho do ano anterior, representa um "avanço", já que uma parte importante das despesas obrigatórias da União é corrigida pelo INPC de janeiro a dezembro do ano anterior.
Ele defendeu ainda que numa democracia é necessário avançar em consenso e que, dentro desse consenso, a PEC dos Precatórios será indubitavelmente aprovada, possibilitando o pagamento do Auxílio Brasil aos mais pobres após o impacto deixado pela pandemia.
"Transmito toda segurança de que PEC dos Precatórios será aprovada e convido a olhar o processo de consolidação fiscal", disse ele, complementando que "do ponto de vista estritamente econômico, mudança do teto foi correta".
Sachsida disse ainda que o governo está trabalhando em uma série de medidas que será anunciada ainda neste mês para facilitar uso de garantias móveis, estimando que esse mercado é pelo menos 10 vezes maior que o de alienações fiduciárias.