PEQUIM/TAIPÉ (Reuters) - A China estendeu nesta segunda-feira uma investigação sobre o que chama de barreiras comerciais de Taiwan contra o país por três meses até a véspera da eleição presidencial da ilha, o que levou Taipé a acusar Pequim de tentar interferir na votação.
Taiwan, que a China reivindica como seu próprio território, frequentemente acusa Pequim de tentar exercer pressão, seja militar ou econômica, para influenciar o resultado de suas eleições e garantir um resultado favorável ao governo chinês.
O Ministério do Comércio da China anunciou originalmente a investigação sobre o que diz ser as barreiras comerciais de Taiwan em abril, mas agora estendeu o período de investigação até 12 de janeiro, um dia antes das eleições presidenciais e parlamentares de Taiwan.
O Escritório de Negociações Comerciais do governo de Taiwan disse que a extensão da investigação "mais uma vez prova que a chamada investigação comercial da China tem motivação política e é uma tentativa de interferir em nossas eleições com coerção econômica".
A extensão da data para 12 de janeiro, pouco antes da eleição, "destaca as motivações políticas" por trás da decisão, acrescentou.
Segundo o escritório, isso também viola as normas da Organização Mundial do Comércio, da qual Taiwan e China são membros.
"Já dissemos várias vezes que qualquer questão comercial bilateral deve ser resolvida por meio de consultas entre os dois lados, de acordo com os mecanismos da OMC. Também pedimos mais uma vez que a China retorne ao caminho certo e não manipule repetidamente as questões comerciais de forma política."
A breve declaração do Ministério do Comércio da China sobre a prorrogação não forneceu detalhes ou explicações sobre o motivo da decisão.
Taiwan já denunciou o que chama de coerção econômica chinesa anteriormente, incluindo a punição da China à Lituânia com medidas comerciais depois que o membro da União Europeia permitiu que Taipé abrisse uma embaixada em Vilnius.
O governo da China tem se recusado a falar com o governo da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que é acusada de ser separatista. Ela ofereceu várias vezes conversações com a China, mas diz que somente o povo de Taiwan pode decidir seu futuro.
O vice de Tsai, William Lai, é o favorito para ser o próximo presidente de Taiwan, de acordo com as pesquisas de opinião. Ele também se ofereceu para conversar com a China, mas a China também o chama de separatista.
(Reportagem de Liz Lee e Ben Blanchard)