XANGAI (Reuters) - O banco central da China cortou inesperadamente nesta segunda-feira os custos de seus empréstimos de médio prazo pela primeira vez desde abril de 2020, enquanto alguns analistas do mercado esperam mais afrouxamento da política monetária este ano para conter a desaceleração econômica.
O Banco do Povo da China informou que vai reduzir a taxa de juros sobre 700 bilhões de iuanes (110,19 bilhões de dólares) em empréstimos de seu instrumento de médio prazo de um ano (MLF, na sigla em inglês) para algumas instituições financeiras em 10 pontos básicos, de 2,95% para 2,85%.
Trinta e quatro de 48 operadores e analistas, ou 70% de todos os participantes, consultados em pesquisa da Reuters na semana passada projetavam manutenção da taxa da MLF em janeiro, com o restante apostando em um corte.
A segunda maior economia do mundo tem mostrado sinais de desaceleração após rápida recuperação da Covid-19, com preocupações sobre a saúde financeira de incorporadoras imobiliárias e a rápida disseminação da variante Ômicron do coronavírus prejudicando as perspectivas.
"A decisão do banco central afrouxar no início de janeiro sugere que a pressão de baixa da economia se intensificou no final de 2021 e que o espaço para melhorias no primeiro trimestre deste ano não é grande", disse Ken Cheung, estrategista-chefe do Mizuho Bank.
Cheung prevê que o banco central pode adotar mais medidas de afrouxamento este ano do que o esperado antes por analistas de mercado.
Tais expectativas se refletiam no mercado de títulos, com os futuros de dez anos do Tesouro da China subindo para máxima desde junho de 2020 e o rendimento do título de dez anos do governo caindo mais de 2 pontos básicos.
(Reportagem de Winni Zhou e Andrew Galbraith)