Por Felix Tam e Marius Zaharia
HONG KONG (Reuters) - O escritório de ligação da China com Hong Kong disse nesta quarta-feira que os manifestantes antigoverno não são diferentes de "terroristas", enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que tropas chinesas estão rumando para a fronteira com Hong Kong e pediu calma.
Sediado em Pequim, o Escritório para Assuntos de Hong Kong e Macau disse nesta quarta-feira que crimes extremamente violentos precisam ser punidos com severidade, conforme a lei.
Os comunicados com palavreado contundente do governo central da China acontecem após confrontos violentos entre manifestantes vestidos de preto e batalhões de choque no aeroporto internacional de Hong Kong, um dos maiores polos de transporte do mundo, onde centenas de voos foram suspensos pelo segundo dia.
Algumas dúzias de manifestantes permaneceram no aeroporto nesta quarta-feira enquanto funcionários limpavam sangue e destroços. Os balcões de check-in reabriram diante de filas de centenas de viajantes cansados, que passaram a noite esperando seus voos.
Dez semanas de protestos cada vez mais violentos entre a polícia e manifestantes pró-democracia, ressentidos com o que veem como uma erosão das liberdades, mergulharam o polo financeiro asiático em sua pior crise desde que a China o recebeu de volta do Reino Unido em 1997.
O Escritório para Assuntos de Hong Kong e Macau disse condenar fortemente as "ações criminosas quase terroristas" em Hong Kong, incluindo o que classificou como um ataque violento a um jornalista e um turista da China continental no aeroporto.
A polícia repudiou os atos violentos de manifestantes de madrugada e disse que um grupo grande "assediou e agrediu um visitante e um jornalista". Alguns manifestantes disseram ter acreditado que um dos homens era um agente chinês infiltrado, e se confirmou que outro era um repórter do jornal chinês Global Times.
Cinco pessoas foram detidas nos distúrbios mais recentes, disse a polícia, o que elevou a mais de 600 o número de pessoas presas desde o início dos protestos, em junho.
As manifestações começaram como uma oposição a um projeto de lei hoje suspenso que teria permitido que suspeitos fossem extraditados para a China continental, mas se tornaram um clamor mais abrangente por democracia.
A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse que a cidade foi colocada em um estado de "pânico e caos".
Os manifestantes afirmam estar combatendo a erosão da fórmula "um país, dois sistemas", que garante alguma autonomia a Hong Kong desde que a China a recebeu de volta do Reino Unido em 1997.
Os protestos representam um dos maiores desafios ao presidente chinês, Xi Jinping, desde que ele tomou posse, em 2012.