Por Yawen Chen e Dominique Patton
PEQUIM (Reuters) - A China anunciou seu primeiro lote de isenções tarifárias para 16 tipos de produtos dos Estados Unidos, dias antes de uma reunião planejada entre negociadores comerciais dos dois países para tentar diminuir a escalada de suas tarifas.
As isenções se aplicarão aos produtos norte-americanos, incluindo alguns medicamentos e lubrificantes anticâncer, bem como aos ingredientes de ração animal, soro de leite e farinha de peixe, disse o Ministério das Finanças em comunicado em seu site nesta quarta-feira.
Pequim informou em maio que iniciaria um programa de isenção, em meio a crescentes preocupações com o custo da prolongada guerra comercial em sua economia que já está desacelerando.
Alguns analistas veem o movimento como um gesto amigável, mas não o enxergam como um sinal de que ambos os lados estão preparando um acordo.
"A isenção pode ser vista como um gesto de sinceridade para com os EUA antes das negociações em outubro, mas provavelmente é mais um meio de apoiar a economia", escreveu em nota o economista do ING para a China, Iris Pang.
"Ainda há muitas incertezas sobre as próximas negociações comerciais. Uma lista de isenção de apenas 16 itens não mudará a posição da China", disse ela.
De fato, a lista isenta é curta em comparação aos mais de 5 mil tipos de produtos dos EUA que já estão sujeitos a tarifas adicionais da China. Além disso, os principais produtos importados pelos EUA da China, como soja e carne de porco, ainda estão sujeitos a pesadas cobranças adicionais, já que a China aumentou as importações do Brasil e de outros países fornecedores.
Pequim disse que trabalharia na isenção de alguns produtos dos EUA se eles não fossem facilmente substituídos por outros países. Os Estados Unidos são de longe o maior fornecedor de soro de leite da China, um ingrediente importante na alimentação de leitões e difícil de obter em grandes volumes de outros países.
Os analistas observaram que, com os impostos sobre a soja e outras importações importantes, como carros fabricados nos EUA, a China está mirando uma base de apoio político essencial ao presidente dos EUA, Donald Trump, principalmente fábricas e fazendas do Centro-Oeste e do Sul num momento de menor ímpeto na maior economia do mundo.
A China impôs várias rodadas de impostos sobre mercadorias dos EUA em retaliação as tarifas estabelecidas pelos EUA, começando em julho e agosto do ano passado com uma taxa de 25% sobre cerca de 50 bilhões de dólares em importações dos EUA.
No total, as duas maiores economias do mundo aplicaram tarifas de 100 bilhões de dólares em mercadorias umas das outras, numa amarga guerra comercial que se arrasta há mais de um ano e eleva o espectro de uma recessão global.