WASHINGTON (Reuters) - O Comitê de Assuntos Tributários ("Ways and Means") da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos disse nesta quarta-feira que se opôs ao plano do governo Trump de expandir os laços econômicos com o Brasil, dado seu histórico no que diz respeito aos direitos humanos e ao meu ambiente durante o governo de Jair Bolsonaro.
O presidente do comitê, Richard Neal, e seus colegas democratas no Comitê afirmaram, por meio de uma carta ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, que o governo Bolsonaro vem mostrando "uma total desconsideração pelos direitos humanos básicos".
"Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil. O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas", escreveram eles.
No mês passado, autoridades comerciais dos EUA e do Brasil concordaram em acelerar as negociações com o objetivo de concluir um acordo em torno das regras comerciais e da transparência neste ano, incluindo uma simplificação do comércio e "boas práticas regulatórias".
Mas os democratas no comitê disseram que o governo Bolsonaro não tem credibilidde de que estaria preparado para adotar novas normas para os direitos dos trabalhadores e proteções ao meio ambiente estabelecidos no acordo comercial EUA-México-Canadá, dado seu próprio histórico ruim em torno dos direitos humanos e de outras questões importantes.
O deputado Kevin Brady, o republicano mais graduado no comitê, disse a repórteres que desconhecia a carta.
Ao invés vez de buscar um acordo comercial com o Brasil, os deputados democratas disseram que Lighthizer deveria intensificar a aplicação das leis dos Estados Unidos e levantar considerações sobre práticas comerciais desleais do Brasil com o governo brasileiro.
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem desenvolvido um relacionamento próximo a Bolsonaro. Na semana passada, a Casa Branca disse que tinha fornecido ao Brasil 2 milhões de doses de hidroxicloroquina para uso contra o coronavírus, apesar das advertências médicas sobre os riscos associados ao medicamento para tratamento da malária.
(Por Andrea Shalal e David Lawder)