Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, agradeceu nesta quarta-feira o Senado pela aprovação do projeto de autonomia do Banco Central e disse esperar igual apoio da Câmara dos Deputados para o texto, considerado crucial para garantir que o BC combata a alta da inflação sem sofrer interferências políticas.
"Contamos com apoio da Câmara, que deve aprovar também", afirmou ele, ao falar em cerimônia no Palácio do Planalto sobre as contas digitais criadas pela Caixa Econômica Federal em meio à crise.
O ministro afirmou que a versão do projeto aprovada no Senado é "ligeiramente diferente" e "um pouco mais branda" daquela que foi apontada como necessária pelo economista Roberto Campos há décadas, mas Guedes justificou que o cenário de inflação também evoluiu para melhor. Ele também lembrou que o projeto preservou como principal missão do BC a manutenção do poder de compra da moeda.
O texto aprovado pelos senadores confere autonomia formal ao BC com o estabelecimento de mandatos fixos para o presidente e para os diretores da autarquia, mandatos estes não coincidentes com o do presidente da República.
O texto também determina que "sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego".
Em relação à Caixa, Guedes elogiou a gestão do banco público durante a pandemia de Covid-19 e afirmou, em referência ao trabalho realizado, que o governo criou o maior banco digital do Ocidente em poucos meses.
O ministro reiterou ainda mensagem que vinha ressaltando publicamente, de que o governo pode acionar camada de proteção social se vier segunda onda de coronavírus, mas ressaltou que o fato no momento é que a doença está cedendo, e a economia está voltando.
"Especulações futuras enfrentaremos com mesma capacidade de decisão que o presidente com sua liderança implementou na equipe", disse.
O governo vai criar mais empregos até o final do ano, destacou Guedes, complementando que a taxa de desemprego tem subido porque agora os invisíveis --identificados na crise e que passaram a receber auxílio do governo-- são contabilizados como brasileiros em busca de ocupação.
"Os registros vão dizer que o desemprego subiu de 13 para 14(%). Claro, ninguém contava os invisíveis, ninguém contava os 40 milhões que estavam escondidos. Então era muito fácil relatar o desemprego de 13, agora vai ser 14, vai ser 15. Mas a pergunta é a seguinte: quantos milhões de brasileiros estavam invisíveis e foram atendidos?", disse.