LONDRES (Reuters) - O líder do opositor Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, mostrou nesta quarta-feira o que descreveu como provas de que o acesso ao serviço de saúde do Reino Unido está sendo debatido em conversas comerciais com os Estados Unidos, entregando centenas de páginas de documentos a repórteres.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, negou várias vezes que o Serviço Nacional de Saúde (NHS) de seu país conste das conversas, mas Corbyn disse ter cópias de documentos vazados de grupos de trabalho da Parceria Comércio e Investimento EUA-Reino Unido que provam o contrário.
Muito apreciado pelos britânicos, o NHS se tornou um dos tópicos mais polêmicos da eleição de 12 de dezembro, convocada para se tentar romper o impasse parlamentar a respeito da saída britânica da União Europeia.
Corbyn também deve se mostrar disposto a desviar a narrativa para o NHS para evitar as críticas que recebeu na terça-feira do principal rabino do Reino Unido, que o acusa de não ter contido o antissemitismo em seu partido, o que permitiu que um novo veneno se enraíze entre os trabalhistas.
Corbyn, que argumentou que os conservadores de Johnson permitirão que os EUA aumentem os preços dos remédios como parte de um acordo comercial pós-Brexit, disse ter 451 páginas de documentos não editados sobre conversas entre os dois países.
"Talvez ele (Johnson) gostaria de explicar por que estes documentos confirmam que os EUA estão exigindo que o NHS esteja na mesa nas conversas comerciais", disse ele em uma coletiva de imprensa.
"Estes documentos sem censura deixam as negações de Boris Johnson totalmente em farrapos".
(Por Kylie MacLellan e Elizabeth Piper)