Por Sharon Tam e Clare Jim
HONG KONG (Reuters) - A líder do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, reconheceu nesta terça-feira que o comparecimento recorde nas eleições locais vencidas por candidatos pró-democracia ressaltou a insatisfação com seu governo, e ao mesmo tempo fez um apelo pelo fim dos protestos violentos.
Aparentando cansaço, Lam falou um dia depois de resultados mostrarem que candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos dos conselhos distritais -- uma vitória avassaladora em eleições que foram vistas como um barômetro da oposição aos políticos apoiados por Pequim após meses de tumultos.
A China, que culpou forças estrangeiras por fomentarem distúrbios na cidade, não comentou diretamente os resultados, e grande veículos de notícias da mídia chinesa rigidamente controlada evitaram reportagens detalhadas sobre a votação.
Nesta terça-feira, o diplomata graduado Yang Jiechi criticou a aprovação de uma legislação dos Estados Unidos em apoio aos manifestantes, dizendo que a China "expressou nossa posição severa ao lado norte-americano", de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
Um dia antes, o Ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador norte-americano, Terry Branstad, para protestar contra a Lei de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong, que disse equivaler a uma interferência em um assunto interno chinês.
Lam, a líder pós-colonial mais impopular de Hong Kong, admitiu que os eleitores da cidade quiseram manifestar suas opiniões em muitas questões, incluindo "deficiências na governança".
Falando em tom contido, ela agradeceu os moradores por votarem pacificamente e expressou a esperança de que a calma do final de semana não tenha sido somente por causa das eleições, mas um sinal de que estes querem o fim dos tumultos que abalam a cidade sob controle chinês há seis meses.
"Todos querem voltar às suas vidas normais, e isso exige os esforços combinados de cada um de nós", disse Lam durante seu pronunciamento semanal na sede do governo.
"Então, como venho dizendo, recorrer à violência não nos dará esse caminho adiante. Então por favor, por favor nos ajudem a manter a calma e a paz relativas... e proporcionar uma boa base para Hong Kong seguir em frente".
O polo financeiro asiático desfruta de uma pausa rara nos episódios de violência há quase uma semana.