BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, se disse nesta quinta-feira "apavorado" com o fato de o leilão do excedente da cessão onerosa não ter atraído as grandes empresas do setor de petróleo e responsabilizou o regime de partilha pelo resultado do certame, em que apenas dois dos quatro blocos ofertados receberam ofertas, da Petrobras (SA:PETR4) e de estatais chinesas.
"Tivemos uma dificuldade enorme para, no final, nós vendermos para nós. Ficamos cinco anos conversando a respeito, fizemos um trabalho espetacular, aprofundando, examinando. Chegou ao final, deu 'no show'", disse o ministro durante evento no Tribunal de Contas da União.
Guedes apontou a contradição de um leilão promovido por uma equipe econômica liberal ter como resultado final o fortalecimento da estatal Petrobras.
"Sumiu todo mundo da sala, só ficou ela lá", afirmou o ministro.
Para Guedes, o saldo do leilão foi resultado do regime de partilha, que disse considerar "ruim".
"Será que a concessão, que é usada no mundo inteiro, não é melhor que a partilha, que é usada por influência de alguns operadores petroleiros franceses em regimes corruptos na África?", questionou o ministro.
No regime de partilha, adotado pelo país nas áreas do pré-sal, vence a licitação para exploração de blocos de petróleo o consórcio que oferecer a maior parcela de lucro futuro à União. A Petrobras tem o direito de preferência para atuar como operadora dos blocos.
Nas concessões, adotadas fora das áreas do pré-sal, vence o consórcio que oferecer ao governo o maior valor pelo direito de exploração (bônus de assinatura), e não há comportilhamento da produção em caso de descoberta de petróleo ou gás.
"Não existe leilão vazio em concessão. Se o negócio tá na mão, você está na mesa, uma porção de gente vem", disse Guedes, acrescentando que, quando o país migrar para o modelo de concessão, "vão ter 17, 18 caras querendo comprar".
(Redação Brasília)