A partir desta semana, o Digio vai abrir ao público geral o Digio One, cartão de crédito para clientes de alta renda que lançou em fevereiro. O cartão, que agora ganha a função débito, é um dos primeiros passos do banco digital na expansão da carteira de produtos. Esse crescimento deve contar com as capacidades do Bradesco (BVMF:BBDC4), controlador da instituição, e que nela enxerga um canal de conquista de clientes jovens e de baixa renda, mas também de pontos mais acima na pirâmide.
O Digio One tem bandeira Visa Signature, que na escala da Visa, fica acima do Platinum. Oferece seguro para emergência médica internacional, possibilidade de cobertura para perda ou roubo de bagagem e outros serviços focados no público que gosta de viajar. Tem ainda programa de pontos Livelo. A anuidade é de R$ 44,90 por mês, mas o valor cai e pode chegar à isenção a depender do gasto mensal do cliente.
O banco digital não revela quantos cartões One emitiu desde o lançamento, mas segundo o diretor financeiro, André Fonseca, a resposta foi positiva. "Estamos falando de um cliente jovem, de classe média, que viaja e vê valor em trocar pontos para viajar, ou em experiências em restaurantes", diz ele ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Até aqui, o Digio oferecia o One apenas a clientes que já tinham conta no banco. A partir de agora, qualquer pessoa poderá solicitar o produto. Ao contrário de outros bancos digitais, o Digio só abre a conta para o cliente depois que ele é aprovado para um cartão. Em junho, data dos dados mais recentes, eram 6,2 milhões de contas, 48% a mais que em junho de 2022.
Fonseca afirma que o cartão é o primeiro passo da estratégia de fazer com que os clientes consumam dentro do banco produtos e serviços financeiros que hoje buscam em outros lugares. "Estamos vendo, e o Open Finance ajuda nisso, quais produtos o cliente está consumindo fora do Digio", diz ele. "Podemos ofertar mais produtos, tornando o Digio a relação principal."
Para dar este segundo passo, o Digio vai buscar mais produtos na prateleira do Bradesco. Nos próximos 18 meses, segundo o diretor financeiro, há planos para lançar uma plataforma de investimentos em parceria com a Ágora, além de agregar produtos de crédito e seguros oferecidos pela Bradesco Seguros.
Expectativa positiva
Fonseca diz que a qualidade de crédito começa a dar sinais positivos, após um primeiro semestre complexo para todo o mercado. Ele não informa números, mas afirma que com a queda dos juros, a melhora dos índices de emprego e da atividade da economia, 2024 deve ser um ano mais positivo.
"O mercado melhorou entre o primeiro e o segundo semestres deste ano, mas lentamente", diz o executivo. "Houve uma melhora, não na velocidade que gostaríamos, mas vemos com bons olhos, e acreditamos que em 2024 a economia consiga entrar num eixo mais propício a crédito."
No segundo trimestre deste ano, o Digio tinha R$ 4,7 bilhões em carteira de crédito, um crescimento de 66% em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas totais somaram R$ 361 milhões, crescimento de 38% no mesmo período. O Bradesco não informa o lucro líquido da operação.
Estes números vêm sendo puxados por linhas como o cartão tradicional, as contas abertas para motoristas parceiros da Uber (NYSE:UBER) e a antecipação de saque aniversário do FGTS. Fonseca afirma que o Digio One ainda é pequeno diante do todo, mas que no médio e longo prazos, também terá uma contribuição importante.