Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil subiu 1,56% em agosto sobre julho, a 4,412 trilhões de reais, puxada pelo volume recorde de emissões no período, divulgou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira.
Foram 114,1 bilhões de reais emitidos, o maior valor para o mês de agosto da série histórica do Tesouro, que teve início em novembro de 2006.
Só com títulos prefixados, foram 87,6 bilhões de reais colocados, o equivalente a 77% do total, com destaque para os vencimentos de abril de 2021 e janeiro de 2024. Já a emissão de títulos flutuantes chegou a 15,6 bilhões de reais, disse o Tesouro em nota.
"As emissões do Tesouro Nacional em agosto favoreceram os títulos prefixados de 6 meses e de 48 meses, dada a atual preferência dos investidores por ativos menos arriscados e mais líquidos no mercado doméstico de títulos públicos", diz o texto.
Como os resgates somaram 82,2 bilhões de reais, a emissão líquida foi de 31,9 bilhões de reais no mês.
Na comparação com julho, a dívida pública mobiliária interna teve avanço de 1,35%, a 4,174 trilhões de reais.
Já a dívida externa subiu 5,36% na mesma base, a 238,25 bilhões de reais.
No fim de agosto, o Tesouro alterou seu Plano Anual de Financiamento (PAF), prevendo avanço maior da dívida pública e também seu encurtamento, e alertando para a necessidade de retomada das reformas para reversão desse quadro.
A mensagem foi reiterada pelo secretário do Tesouro, Bruno Funchal, que pontuou nesta segunda-feira que o governo trabalha com um colchão de liquidez que permanece acima dos níveis prudenciais para a gestão da dívida pública, mas que a melhor alternativa para o país seria o avanço das reformas.
Agora, a perspectiva do Tesouro é que a dívida geral feche 2020 entre 4,6 trilhões de reais e 4,9 trilhões de reais, ante patamar de 4,5 trilhões a 4,75 trilhões de reais que havia sido estipulado em janeiro.
No relatório da dívida, o Tesouro ressaltou que a alta nos juros ao longo do agosto provocou aumento nas taxas de corte dos leilões. No entanto, as estatísticas de custo médio seguiram mostrando níveis historicamente baixos --o custo acumulado em 12 meses chegou a 4,85% ao ano, menor valor da série histórica.
Em setembro, a avaliação é que a curva de juros futuros seguiu ganhando inclinação, refletindo o cenário externo e as discussões sobre a trajetória fiscal no Brasil.
DETALHAMENTO
Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna subiu de 9% para 9,4%, por conta de um fluxo positivo de 20,1 bilhões de reais.
Já quanto à composição, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso na dívida pública federal, a 39,17% do total, mas abaixo do percentual de 39,39% de julho. No novo PAF, o intervalo fixado para o ano é de 36% a 40%.
Já os títulos prefixados avançaram a 30,14% da dívida, ante 28,41% no mês anterior, frente a uma meta de 30% a 34% para 2020.
Os papéis indexados à inflação, por sua vez, reduziram sua fatia para 24,97% da dívida total, ante 26,70% em julho, sendo que a referência para este ano é de 23% a 27%.
Por fim, os títulos atrelados ao câmbio viram sua representatividade aumentar a 5,72% da dívida total, contra 5,50% no mês anterior e uma meta de 3% a 7%.