Por Stefani Inouye
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava nesta segunda-feira, próximo ao patamar de 3,94 reais, em meio à forte aversão ao risco no exterior depois de o iuan romper a marca de 7 por dólar, movimento que catapultou preocupações sobre o impacto do acirramento das tensões entre Estados Unidos e China no crescimento econômico global.
Às 12:19, o dólar avançava 1,17%, a 3,9370 reais na venda.
Na máxima, a cotação foi a 3,9485 reais na venda, em alta de 1,46%, no maior patamar desde o fim de maio e a caminho da maior alta percentual diária desde meados de maio.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez subia 1,32%, a 3,946 reais.
A China deixou o iuan romper o nível de 7 por dólar nesta segunda-feira pela primeira vez em mais de uma década, num sinal de que o país está disposto a tolerar mais fraqueza no câmbio.
"O mercado está todo pautado pelo exterior. Essa atuação do banco central da China ao permitir a desvalorização do iuan é um sinal de resistência no conflito com os EUA", disse Camila Abdelmalack, economista-chefe da CM Capital Markets.
Na ausência de qualquer outra novidade, o clima de aversão a ativos de risco e a fuga para ativos de maior segurança tendem a se estender ao longo de todo o pregão, completou Camila.
A desvalorização da moeda chinesa vem dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, surpreender os mercados financeiros ao prometer impor tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares restantes das importações chinesas a partir de 1º de setembro.
O índice MSCI de moedas emergentes renovou as mínimas de 2019 e sofria a maior queda diária desde junho de 2016.
Já o índice do dólar --fortemente influenciado pelo movimento de divisas de outros mercados desenvolvidos, como euro e iene-- mostrava queda de 0,41%, a 97,667.
Do front doméstico, investidores se preparam para a retomada dos trabalhos no Congresso após o período de recesso parlamentar. A expectativa é que as pautas econômicas, especialmente a votação em segundo turno da reforma da Previdência, ocorram ao longo desta semana.
O Banco Central vendeu nesta sexta-feira todos os 11 mil contratos de swap cambial ofertados em leilão para rolagem do vencimento outubro. Em três operações até agora neste mês, o BC promoveu a rolagem de 1,650 bilhão de dólares, de um total de 11,5 bilhões de dólares.
(Edição de José de Castro)