Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira que o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 acontecerá na capital paulista neste ano, embora a prova não tenha sido ainda confirmada pela categoria em meio a alterações no calendário provocadas pela pandemia de Covid-19.
Em entrevista coletiva ao lado do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), Doria lembrou que a cidade tem contrato com a Liberty, dona dos direitos da Fórmula 1, que a posição dos governos municipal e estadual é que esse contrato será cumprido.
"Para este ano está confirmada a Fórmula 1, o prefeito pode mencionar neste sentido, e o autódromo preparado para receber a Fórmula 1, evidentemente dentro dos protocolos de saúde, e os organizadores já sabem", disse Doria.
"Nós temos um contrato... Em relação a este ano, o contrato tem que ser cumprido. Temos que deixar isso claro, de parte a parte", acrescentou o governador. "A nossa posição é que o contrato será cumprido."
Covas disse que o governo municipal tem mantido contato com os organizadores da categoria para mostrar os números da pandemia na cidade e tranquililizá-los da viabilidade de realizar a prova, prevista inicialmente para novembro deste ano.
"Nós estamos em contato com a organização do evento, mostrando os números da pandemia aqui na cidade de São Paulo para dar total tranquilidade à organização do evento para manter a prova neste ano", disse o prefeito.
"A gente está mostrando que os números da cidade não correspondem à realidade que a gente está vendo no Brasil como um todo, que são os números que acabam sendo divulgados no exterior e que deixaram a organização preocupada com a realização da prova neste ano. A gente espera que eles compreendam que aqui na cidade não há nenhum risco na realização da prova em novembro deste ano."
A cidade de São Paulo tem contrato até o final de 2020 para receber uma prova do calendário da F1 e Doria disse que, embora ainda não exista uma decisão, há conversas para renovar o contrato para realizar do Grande Prêmio, uma importante fonte de renda para o turismo da cidade.
"Com relação ao futuro, seguimos dialogando e conversando com a Liberty, que são os detentores dos direitos da Fórmula 1 no plano internacional, com vista à possibilidade de renovação deste contrato. Não há uma decisão tomada ainda pela Liberty, mas há uma manifestação formalizada pelo governo de São Paulo e pela prefeitura de São Paulo. E pelo bom senso, aqui nós temos um autódromo pronto, consagrado", disse.
O Rio de Janeiro também negocia para levar o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 para a capital fluminense. A cidade, no entanto, não conta um autódromo, mas a intenção das autoridades é construir um novo em uma área cedida pelo Exército em Deodoro, com recursos vindos somente da iniciativa privada.
Embora a intenção das autoridades estaduais e municipais do Rio seja a de receber a prova a partir de 2021, a construção do autódromo ainda não teve início.
"Nada contra o Rio de Janeiro, mas não faz o menor sentido imaginar-se um gasto de 1 bilhão de reais --isso numa estimativa inicial-- para se construir um autódromo, numa área que não tem aprovação ambiental, num momento de pandemia e de escassez de recursos em todo o país, sejam recursos públicos ou privados", alfinetou Doria.
O GP Brasil de Fórmula 1 é realizado desde 1990 no Autódromo de Interlagos, na zona sul da capital paulista.
Diante da pandemia de Covid-19, que já matou mais de 550 mil pessoas em todo o mundo, de acordo com uma contagem da Reuters, a Fórmula 1 adiou a temporada, que começaria em março, iniciando-a no fim de semana passado na Áustria. Até o momento, o calendário provisório da categoria para este ano tem 10 Grandes Prêmios, numa lista que não inclui o Brasil, mas a categoria espera em breve anunciar novas provas para a atual temporada.