SANTIAGO (Reuters) - A economia da América Latina voltará a crescer em 2021, após uma profunda recessão provocada pela pandemia do coronavírus neste ano, disse a comissão econômica da ONU para a região nesta quarta-feira.
A economia latino-americana crescerá 3,7% em 2021, após contração de 7,7% neste ano, informou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Um relatório anterior de julho projetava retração mais profunda em 2020, de 9,1%.
"É a maior contração desde que os registros começaram em 1900. O PIB está caindo em praticamente todos os países", disse o relatório, o qual previu que serão necessários anos para retornar ao nível de atividade econômica de antes da crise.
As exportações regionais --dependentes de embarques de matérias-primas-- vão encolher 13% neste ano, com o volume das importações caindo 14%, o maior desde a crise financeira global de 2008-2009, mostrou o relatório.
Mesmo antes da pandemia, a América Latina já havia registrado crescimento médio e 0,3% nos seis anos até 2019. O relatório disse que a recuperação do próximo ano só ajudaria a mitigar o impacto da contração recorde.
O desemprego deve subir para cerca de 10,7%, disse o documento, com muitas pessoas abandonando a força de trabalho e a pobreza aumentando drasticamente.
"As cicatrizes deixadas pela maior crise das últimas décadas, com o aumento dos níveis de desemprego e pobreza, além da desigualdade, podem intensificar tensões sociais latentes com consequências para a retomada da atividade econômica nos países", alertou o relatório.
Tanto a recuperação global quanto a regional estarão ligadas à disponibilidade de uma vacina contra o vírus, acrescentou o documento.
A piora das condições financeiras globais e qualquer retirada prematura dos estímulos monetários e fiscais, tanto nas grandes economias desenvolvidas quanto em âmbito local, também representam riscos para a economia latino-americana, afirmou a Cepal.
(Reportagem de Natalia Ramos)