Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente Jair Bolsonaro deflagrou nesta sexta-feira uma campanha publicitária em suas redes sociais na qual faz uma defesa de medidas preventivas como usar de máscaras, evitar aglomerações e fazer distanciamento social, no pior momento da pandemia de Covid-19 no país e diante da demora na imunização contra o coronavírus.
As peças estão sendo divulgadas em plataformas do governo como a do Palácio do Planalto e do Ministério da Saúde mais de um ano depois do início da pandemia no Brasil e após o próprio Bolsonaro, em várias ocasiões, contrariar e desdenhar dessas recomendações.
"Mesmo com a vacinação contra a Covid-19 avançando cada vez mais, é muito importante continuarmos cuidando uns dos outros. Por isso, lave sempre as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, evite aglomerações, mantenha o distanciamento e use máscara", diz um dos textos da campanha.
No momento, o governo está sob ameaça de enfrentar uma CPI da Covid no Senado para apurar supostas omissões no enfrentamento da pandemia após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinar a imediata instalação da comissão de inquérito.
Bolsonaro, que tem sofrido uma perda de popularidade registrada em pesquisas de opinião pública, criticou duramente a decisão do ministro do STF.
JUSTIÇA
Em meados de março, a Justiça Federal havia determinado que o governo promovesse uma campanha de informação a respeito das formas de transmissão e prevenção da Covid conforme recomendações técnicas atuais em um prazo de 15 dias, em julgamento de ação movida pelo Ministério Público Federal.
O MP também havia conseguido na Justiça que o governo abstenha-se de veicular, por rádio, televisão, jornais, revistas, sites ou qualquer outro meio, físico ou digital, peças publicitárias que sugira à população brasileira comportamentos que não estejam estritamente embasados em diretrizes técnicas, emitidas pelo Ministério da Saúde.
Em comunicado do MP, o juiz Federal Alberto Nogueira Junior destacou na sentença que o fato de as informações sem embasamento científico terem sido emitidas por uma fonte oficial torna o caso ainda mais grave.
A decisão havia sido tomada em uma ação movida pelo MPF em março do ano passado para barrar a campanha do governo lançada à época “O Brasil não pode parar”, incentivando o fim do isolamento social. A Justiça concedeu liminar para suspender a campanha no final daquele mês.