BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em reunião ministerial no dia 22 de abril, que acabaria o mandato se o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir o direito de ele ir a qualquer lugar do país e destacou que espera que isso não ocorra, porque "certas medidas" da corte podem levar a uma "crise política de verdade", segundo a gravação divulgada nesta sexta-feira pelo tribunal.
"O dia que for proibido de ir. .. pra qualquer lugar do Brasil, pelo Supremo, acabou o mandato. E, espero que eles não decidam, ou ele, né? Monocraticamente, querer tomar certas medidas porque daí nós vamos ter um ... uma crise política de verdade. E eu não vou meter o rabo no meio das pernas", disse.
"Isso daí. .. zero, zero. Tá certo? Porque se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro, dinheiro na conta na Suíça, porrada sem problema nenhum. Vai pro impeachment, vai embora. Agora, com frescura, com babaquice, não!", completou ele, durante o encontro no Palácio do Planalto.
O presidente disse que pode pedir às Forças Armadas que intervenham para "restabelecer a ordem no Brasil", sem problema nenhum. Para o presidente, é preciso se preocupar com a questão política, "e a quem de direito, tira a cabeça da toca, porra!". "Não é só ficar dentro da toca o tempo todo não! 'Tô bem, eu tô cuidando da minha imagem, a imagem tá aqui, eu sou bonitinho, e o resto que se exploda", criticou ele.
Bolsonaro disse ainda que não tem amor pela cadeira de presidente. "Zero, zero! Não vou provocar ninguém. E assim como a Defesa faz uma nota muito boa dizendo que vai cumprir a Constituição, liberdade, e... dez! E não aceita golpe, dez! Também não aceita um contragolpe dos caras, porra!", afirmou, referindo-se à nota do Ministério da Defesa divulgada pouco antes do encontro.
A gravação foi divulgada pelo ministro do STF Celso de Mello em inquérito que investiga as declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro teria tentado interferir no comando da Polícia Federal.
(Reportagem de Ricardo Brito)