BRASÍLIA (Reuters) - O indicado para chefiar a Procuradoria-Geral da República no lugar de Raquel Dodge, o subprocurador-geral da República Augusto Aras, afirmou em uma longa reunião com senadores que não seguirá um alinhamento automático ao presidente Jair Bolsonaro, segundo relato de parlamentar presente no encontro.
Inicialmente agendada como uma reunião de líderes, ac audiência foi ampliada para outros senadores, ocasião em que, de acordo com Otto Alencar (PSD-BA), Aras teria feito uma “exposição” sobre o que pensa da atual conjuntura.
“Ele não colocou nenhum alinhamento com o presidente da República”, disse Alencar a jornalistas após a reunião.
“O senador Oriovisto (Guimarães, Podemos-PR), colocou essa questão. Ele respondeu à altura, o próprio Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) estava presente, de que a indicação do presidente não vai dar nenhuma conotação de que ele vai seguir aquilo que o presidente deseja”, acrescentou Alencar.
A indicação de Aras foi formalizada por Bolsonaro na última quinta-feira, escolha que o presidente já havia definido como a “rainha” do seu governo pela importância do posto.
Em diversos momentos Bolsonaro sugeriu que procurava escolher alguém que tivesse um alinhamento com as diretrizes do governo, mas após anunciar o nome de Aras o presidente disse que, uma vez aprovado pelo Senado, o novo PGR não devia mais satisfação a ele e sim à sociedade.
Para assumir o cargo, Aras precisa ser submetido a uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, e depois, a uma votação no plenário do Senado. As reuniões entre indicados e senadores individualmente é praxe na Casa, mas a realizada nesta terça-feira, mais ampla, é menos comum.
Na segunda-feira, Aras se reuniu com a atual procuradora-geral, Raquel Dodge, cujo mandato se encerra no dia 17.
O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), afirmou que Aras aproveitou o encontro com líderes para conversar com outros senadores e afirmou que a intenção, na Casa, é votar a indicação “o quanto antes”.
“É absolutamente natural, a gente está tendo uma conversa coletiva. É natural os indicados irem a cada um dos gabinetes. Ele está tendo uma prática, que se inovadora, merece um aplauso”, afirmou o senador.
Ao sair da reunião, Aras evitou responder perguntas dos jornalistas, mas afirmou que as conversas têm sido “proveitosas”.
“Neste momento eu estou com as minhas ideias, as minhas posições, sendo observadas e decididas e apreciadas pelo Senado Federal”, disse.
“Aqui eu me encontro, à espera da minha sabatina. E estarei sendo julgado pelo Senado Federal”, afirmou, para justificar porque não responderia aos questionamentos da imprensa.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)