Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, avaliou nesta segunda-feira que a prioridade número um para retomada no pós-crise será olhar "com muito cuidado" o mercado de trabalho, já que a crise com o coronavírus fará o desemprego chegar a nível "muito alto".
Ao participar de live promovida pela Eleven Financial, Sachsida também pontuou que outras duas prioridades, na sua visão, serão uma lei de falências mais eficiente, que desloque o capital mais rapidamente entre setores, e uma melhoria no desenho de políticas sociais.
"Tem muita política social no Brasil que beneficia quem não precisa beneficiar. E aí a pessoa que é pobre e precisa não recebe o benefício", afirmou ele, fazendo apelo por uma ampla revisão de "benefício a benefício".
Segundo Sachsida, isso possibilitará que governo tenha mais recursos para direcionar ao Bolsa Família.
O secretário também disse ser a favor de uma abertura comercial e afirmou que a forte alta do dólar frente ao real abre uma janela de oportunidade para tanto, já que favorece a indústria, tornando os produtos brasileiros mais competitivos lá fora.
Sobre o tema, Sachsida frisou que a abertura da economia também barateia a compra de insumos, o que dinamiza empregos. Por outro lado, ponderou que essa frente de trabalho não é urgente como as demais.
"A gente tem que sempre ser muito honesto nas prioridades. E o número de brigas que você consegue comprar não é infinito. Você tem uma sequência para fazer as coisas", admitiu.
Sachsida reforçou que será fundamental haver rede de proteção social mais ampla, uma vez que a crise por causa da paralisação da atividade para refrear o contágio por coronavírus é forte e vai deixar marcas.
PERDA POR SEMANA
Na semana que vem, o governo irá divulgar um cálculo dos custos por semana dessa interrupção na economia. Quanto mais longo for esse tempo, maior será o número de falências, o que vai gerar lentidão na retomada econômica, disse Sachsida.
Ele afirmou que as medidas tomadas pelo governo garantem amparo para quatro meses de crise. Caso esse período seja extrapolado, um novo conjunto de ações será necessário, reconheceu.