(Reuters) - Empresários alertaram o governo nesta quinta-feira que, mantidas as medidas de contenção ao coronavírus, em 30 dias pode começar a faltar comida e produtos na prateleiras, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que este cenário pode gerar tanto um colapso econômico como um cenário de desorganização social.
Em entrevista coletiva na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), onde participou ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de uma comitiva de empresários de uma audiência de última hora com o presidente da corte, Dias Toffoli, transmitida ao vivo pelas redes sociais de Bolsonaro, Guedes disse que os sinais vitais da economia ainda estão pulsando, em meio a restrições adotadas para frear a disseminação do coronavírus, mas que isso pode não se sustentar.
"Está tudo ainda organizado. Só que eles (empresários) estão dizendo o seguinte: há perigo de começar a desorganização", disse Guedes a jornalistas ao lado do presidente e de empresários.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem mais de 125 mil casos confirmados de Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus e que já matou mais de 8.500 pessoas no país. O número de mortes diárias bateu recordes tanto na terça quanto na quarta-feira, o que mostra que a curva da pandemia no Brasil está ascendente.
Guedes disse que as medidas de proteção social, como um auxílio emergencial de 600 reais, tem apenas alguns meses de duração.
"Embora nós estejamos protegidos, a população e todos têm os recursos, o que adiante se daqui a 30 dias apaga a luz, desliga a comida, para a produção nacional?", indagou.
"Então, o alerta que eles (empresários) deram é muito importante, que é o seguinte: olha, embora ainda haja proteção, o povo ainda tenha o dinheiro na mão, daqui a 30 dias pode ser que comece a faltar nas prateleiras, pode começar a faltar e desorganizar a produção brasileira. E aí você entra em um sistema não só de colapso econômico, mas de desorganização social", afirmou.
Em mais de uma ocasião, no entanto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o abastecimento de alimentos está garantido.
Bolsonaro tem criticado constantemente as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos para frear a propagação do vírus, como o fechamento do comércio considerado não essencial, e voltou a defender nesta quinta uma retomada da economia.
O isolamento social é defendido pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, por autoridades de saúde dos governos locais e pela Organização Mundial da Saúde como ferramenta fundamental para reduzir a transmissibilidade do vírus e dar tempo para que os sistemas de saúde se preparem para atender a demanda de infectados pela Covid-19, especialmente por leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs).
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)