Por Gavin Jones
VENEZA (Reuters) - A Covid-19 é provavelmente apenas a primeira de várias pandemias cada vez mais perigosas e os governos precisam encontrar 75 bilhões de dólares nos próximos cinco anos para se prepararem para elas, disse um painel de especialistas aos ministros das Finanças do Grupo dos 20 países mais ricos nesta sexta-feira.
Em um relatório para a reunião do G20 em Veneza, o painel disse que os investimentos recomendados de 15 bilhões de dólares por ano dobrarão os níveis de gastos atuais, mas são "insignificantes" em comparação com os custos de outro grande surto de uma nova doença contagiosa.
"O argumento econômico para esses investimentos adicionais é esmagador", disse o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, que co-presidiu o painel de 23 membros junto à chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, e ao ex-ministro das Finanças de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam.
Summers disse à Reuters em entrevista que está "cautelosamente otimista" de que suas recomendações serão implementadas e disse que "não relutaremos em nos manifestar" se elas não forem seguidas.
"Gastar dezenas de bilhões de dólares pode economizar dezenas de trilhões", disse ele.
Para consertar "grandes falhas" na preparação para uma pandemia, o painel identificou quatro áreas principais de ação: vigilância de doenças infecciosas, resiliência dos sistemas nacionais de saúde, fornecimento e distribuição de vacinas e outros medicamentos e governança global.
O relatório, intitulado "Acordo global para a era da pandemia", pede a criação de um Fundo Global para Ameaças à Saúde de 10 bilhões de dólares e mais 5 bilhões de dólares para fortalecer a Organização Mundial da Saúde e criar instalações específicas para combate a pandemias no Banco Mundial e em bancos multilaterais de desenvolvimento.
Além disso, os países de renda baixa e média precisarão acrescentar mais 1% do Produto Interno Bruto (PIB), aproximadamente, aos gastos públicos com saúde nos próximos cinco anos, afirmou o documento.
O G20, presidido este ano pela Itália, considerará suas recomendações antes de uma reunião conjunta de ministros das Finanças e da Saúde em outubro.
Okonjo-Iweala disse à Reuters que os ministros das Finanças pareceram, "no geral, muito positivos" sobre o relatório e ela está confiante de que ele será levado adiante.