Por Antoni Slodkowski e Ju-min Park e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O Partido Liberal Democrata do Japão (PLD) escolheu o ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida como seu novo líder nesta quarta-feira, uma vitória do establishment da sigla governista que virtualmente garante que ele assumirá como primeiro-ministro em questão de dias.
Embora ele só desfrute de um apoio popular moderado, Kishida foi endossado por alguns pesos-pesados do partido, o que lhe permitiu conter o ímpeto de Taro Kono, estrela ascendente e ministro encarregado da distribuição de vacinas contra o coronavírus.
Não ficou claro se a imagem insípida de Kishida pode representar problemas para o PLD em uma eleição geral esperada para 28 de novembro, mas em sua primeira entrevista coletiva ele se concentrou em temas populares, como a necessidade de se forjar um novo tipo de capitalismo e amenizar a disparidade de renda.
"Lutaremos para alcançar o crescimento econômico e a distribuição" de riqueza, disse ele, acrescentando que não existe maneira de atingir o primeiro sem a segunda.
É quase certo que Kishida, sucessor do premiê impopular Yoshihide Suga --que não tentou se reeleger como líder do partido depois de somente um ano no cargo--, será escolhido como primeiro-ministro em uma sessão parlamentar de segunda-feira por causa da maioria do PLD na câmara baixa.
Acredita-se que ele formará um gabinete novo e reformulará a Executiva do PLD no início de outubro.
Citando executivos da sigla, a mídia noticiou que a câmara baixa provavelmente será dissolvida em meados de outubro e que a eleição deve acontecer em 7 ou 14 de novembro.
"Uma vitória do establishment. Kishida representa estabilidade, não criar ondas e, o mais importante, fazer o que tecnocratas da elite lhe mandam fazer", disse Jesper Koll, diretor especialista do Monex Group.
Kono, que fala inglês fluente, tem muitos seguidores no Twitter e é conhecido por não ter papas na língua, é visto há tempos como uma espécie de rebelde e não era apontado como o favorito de alguns dos caciques do partido.
As duas mulheres na disputa, Sanae Takaichi, de 60 anos, e Seiko Noda, de 61, desistiram depois da primeira rodada.
O triunfo de Kishida dificilmente desencadeará uma mudança profunda nas políticas agora que o Japão tenta lidar com uma China assertiva e reanimar uma economia abalada pela pandemia.
Ele compartilha um consenso amplo a respeito da necessidade de fortalecer as defesas do país e intensificar os laços de segurança com o Estados Unidos e outros parceiros, ao mesmo tempo em que preserva elos econômico vitais com Pequim.
(Por Antoni Slodkowski, Leika Kihara, Kiyoshi Takenaka, Linda Sieg, Chang-Ran Kim, Ju-min Park, Daniel Leussink, Ritsuko Ando, Tetsushi Kajimoto e Elaine Lies)